
Será que a contracepção acaba com o aborto?
A PP [Planned Parenthood] começou por apregoar a contracepção como forma de combater o aborto:
It is apparent that nothing short of contraceptives can put an end to the horrors of abortion and infanticide. [É evidente que nada menos do que os anti-concepcionais pode acabar com os horrores do aborto e do infanticídio].
Margaret Sanger, Woman and the New Race . New York: Brentanos Publishers,1922, p.25.
“An abortion kills the life of a baby after it has begun. It is dangerous to your life and health. It may make you sterile, so that when you want a child you cannot have it … Birth control merely postpones the beginning of life.” [O aborto mata a vida de um bebé depois de iniciada. É perigoso para sua vida (da mãe) e saúde. Pode torná-la estéril, de modo que quando você desejar um filho não pode tê-lo … O controle da natalidade apenas adia o início da vida.]
Planned Parenthood pamphlet entitled “Plan Your Children,” 1963.
Mas já se sabia que a realidade é diferente:
At the risk of being repetitious, I would remind the group that we have found the highest frequency of induced abortions is the group which, in general, most frequently uses contraception.” [Correndo o risco de ser repetitivo, gostaria de lembrar ao grupo que descobrimos que a maior frequência de abortos induzidos se dá no grupo que, em geral, usa mais métodos anticoncepcionais.]
Dr. Alfred E. Kinsey, at the April 1955 Conference on Induced Abortion, sponsored by PP.
It was recognized by conference participants that no scientific evidence has been developed to support the claim that the increased availability of contraceptive services will clearly result in a decreased illegal abortion rate. [Foi reconhecido pelos participantes da conferência que nenhuma evidência científica foi desenvolvida para apoiar a alegação de que o aumento da disponibilidade de serviços anticoncepcionais resultará claramente numa diminuição da taxa de aborto ilegal.]
Concluding statement signed by the leading sex researchers of the day at the April 1955 Conference on Induced Abortion, sponsored by the Planned Parenthood Federation of America. Cosigners included Alan Guttmacher, M.D.; Alfred E. Kinsey, M.D.; Christopher Tietze, M.D.; John Rock, M.D.; and Abraham Stone, M.D.
The number of abortions per 100 pregnancies experienced, and the percentages of total reproductive wastage due to induced abortion, are from three to four times greater, generally speaking, among contraceptors than among non-contraceptors … The results are based upon the women’s own admission of the extent to which they have resorted to induced abortion. They probably understate the true facts. [O número de abortos por 100 gravidezes experimentadas e as percentagens de perda reprodutiva total devido ao aborto induzido são de três a quatro vezes maiores, em geral, entre quem toma anticoncepcionais do que entre quem não toma anticoncepcionais … Os resultados baseiam-se na admissão das mulheres que recorreram ao aborto induzido. Provavelmente subestimam os factos verdadeiros.]
Raymond Pearl, M.D., The Natural History of Population . Oxford University Press: London and New York. 1939, pages 222, 240, and 241. Dr. Pearl was a member of Planned Parenthood in the 1930s, and used as the basis of his above quote information collected from 31,949 women who had delivered in the obstetrical wards of 139 hospitals.
Em 1973 a PP [Planned Parenthood] já não tinha dúvidas:
Evidence of rising abortion rates with the expanding use of contraceptives is now available for Korea, India, Taiwan, Iran, Turkey, Egypt, and some parts of Latin America. [A evidência do aumento das taxas de aborto com a expansão do uso de anticoncepcionais agora está disponível para a Coreia, Índia, Taiwan, Irão, Turquia, Egipto e algumas partes da América Latina.
Malcolm Potts, M.D. (Medical Director of the International Planned Parenthood Federation), and Clive Wood, editors. New Concepts in Contraception . Baltimore: University Park Press, 1972. Page 12.
Conclusão
A PP dispõe de meios fabulosos para levar a cabo uma agenda, pelo menos, muito estranha. Começou por defender a contracepção como forma de acabar com o aborto, mas rapidamente se tornou no maior operador privado da indústria nascente (por cuja legalização lutou activamente). Tem filiados espalhados pelo mundo inteiro. Em Portugal, como já foi referido, é a APF. Esta associação, oficialmente, não tomou posição sobre o referendo do aborto, mas alguns dos seus dirigentes participaram activamente no movimento “Sim pela Tolerância”. A página da internet da APF tinha uma ligação directa à página Sim Pela Tolerância, para além de ter textos de defesa do aborto. A APF vive de donativos particulares. Seria instrutivo saber quanto dos 200 milhões de contos do orçamento anual da PP vêm parar a Portugal. É, no mínimo, estranho que uma associação dirigida por pessoas que publicamente se afirmaram favoráveis à legalização do aborto, venha propor diligentemente uma educação sexual, alegadamente para diminuir o número de abortos, mas que dirigentes da PP consideram que fomenta o aumento do número de abortos.
Imaginemos que um grupo, em dada altura, tinha pretendido legalizar, por exemplo, o pequeno furto. Depois de grande debate acaba-se a fazer um referendo que chumba a legalização. Contudo, durante a campanha muitas pessoas argumentam que é necessário fazer educação cívica para eliminar as causas que levam à delinquência. Será que alguém entregaria estas aulas ao grupo que lutou pela legalização da delinquência alegando que esta é uma prática normal e lícita? Porquê, então, entregar as aulas de educação sexual, que visam prevenir a gravidez indesejada e o aborto, a quem entende que o aborto é aceitável? A chave de tudo isto talvez esteja no seguinte:
The only avenue the International Planned Parenthood Federation and its allies could travel to win the battle for abortion on demand is through sex education. [O único caminho que a Federação Internacional de Planeamento Familiar e seus aliados poderiam trilhar para vencer a batalha pelo aborto sob demanda é por meio da educação sexual.]
Alan Guttmacher[1], May 3, 1973, quoted Humanity Magazine, August/September 1979, p.11.
Planned Parenthood affiliates remain committed to assuring unrestricted access to abortion services. [Os afiliados da Planned Parenthood continuam comprometidos em garantir o acesso irrestrito aos serviços de aborto.]
Planned Parenthood Federation of America. 1991 Service Report.
[1] Alan Guttmacher foi presidente da PP durante os anos setenta e está considerado como a pessoa que individualmente mais trabalhou, a nível mundial, pela legalização do aborto a pedido.
Este texto foi escrito pelo João Araújo em 2005. Hoje sabemos que o aborto já é “um direito humano”, usada por muitas como método anticoncepcional, e que a matança de bebés no ventre materno é o maior genocídio, legalizado, da História da humanidade.