Imagina-se Afonso e Marta exactamente com a mesma interrogação. Mas, por enquanto, andam a velejar pelo mundo com os pais e a irmã mais nova. No meio desta aventura, que começou em Cascais, no verão passado, os filhos mais velhos aprendem ao abrigo do ensino doméstico há dois anos – ela, com 14, no 9º, e ele, com 8, no 3º ano. O processo do Afonso é igual ao de qualquer aluno que ponha a cruzinha na opção ensino doméstico. A mãe, Rute Gonçalves, 43 anos, muniu-se de muito material escolar antes de se meter mar adentro, mas depressa percebeu que a maior aprendizagem não está nos livros, mas na experiência que estão a viver. “Tenho um dossier com um plano do que pretendemos fazer e nunca precisamos de mais de duas horas de trabalho formal”, assume.
Já Marta está integrada numa escola privada norte-americana, seguindo a metodologia off campus e com apoio da delegação portuguesa, na figura do advisor. “Ela é que decide o que vai fazer e como, com base em projectos”, explica a mãe, que só está lá para a orientar e avaliar. Por exemplo, Marta levou a guitarra para o veleiro e propôs-se aprender um tema por mês. No final do Secundário, e depois de ter pago cerca de mil euros anuais, terá equivalência ao ensino português, como se tivesse estudado nos EUA.
Catarina Mendes, directora do programa português da escola Clonlara, que existe há meio século, explica que, antes de o ano lectivo começar, se estabelece um plano educativo, sugerindo recursos e actividades, tendo em conta os objectivos da família. “Olhamos para a criança e perguntamos em que ponto está e o que vai fazer. O trabalho não tem de implicar estar sentado numa secretária. Tudo conta para a aprendizagem, até o voluntariado.” Nisso, estão todos de acordo.
859
o número total de matriculados no ensino doméstico, no ano de 2018/2019, uma realidade que tem vindo a crescer
6
os alunos em 2006/2007
427
inscritos na região de Lisboa e Vale do Tejo
447
inscritos no primeiro ciclo (1º ao 4º anos), a fase em que mais crianças aprendem fora da escola
9
jovens a estudarem em casa, no 11º e no 12º ano