Uma reação contra a ideologia de género está a começar nas universidades (2)

Noutras palavras, os argumentos apresentados pelos dois lados são complexos e discutíveis, mas muitos activistas trans pensam que qualquer desacordo equivale a discurso de ódio e tentam suprimi-lo. Algumas universidades, com políticas que reflectem a crença de que mulheres trans são mulheres, agiram com base em queixas sobre pessoas que nada mais fazem do que expressar uma visão contrária.

Em Maio, depois de alguns alunos da Universidade Abertay, em Dundee, relatarem que um aluno havia dito, num seminário, que as mulheres têm vaginas e que os homens são mais fortes, a universidade deu início a uma investigação.

Nalguns casos, académicos que se opuseram à “ideologia de género” – a visão de que a identidade de género deveria superar a biologia – foram retirados dos seus cargos profissionais.

Em Abril, Callie Burt, professora associada da Georgia State University, foi demitida do conselho editorial da Feminist Criminology com a justificação de que a sua presença poderia impedir outras pessoas de enviar manuscritos. O problema parece ter sido a sua crítica à fusão de sexo e identidade de género na legislação proposta contra a discriminação.

Em Junho passado, Kathleen Lowrey, professora associada de antropologia da Universidade de Alberta, foi destituída da cadeira de um programa de graduação depois dos alunos reclamarem que se sentiam inseguros. Ela acha que os pósters críticos do género – na porta do seu escritório – foram os culpados.

No entanto, o efeito mais preocupante pode ser invisível.

Um número desconhecido de funcionários universitários evita expressar a sua opinião por medo de prejudicar a sua carreira ou serem transformados em párias. O relatório sobre Essex diz que as testemunhas descreveram uma “cultura do medo” entre aqueles que expressam pontos de vista críticos do género. É improvável que isso se limite a uma universidade. O relatório também argumenta que expressar a visão de que as mulheres trans não são mulheres não é discurso de ódio e não é ilegal, sob a lei britânica, independentemente do que as políticas universitárias possam sugerir.

De volta à luta

Provavelmente, o relatório encorajará os académicos críticos do género, na Grã-Bretanha, pelo menos, onde eles já são mais [destemidos]*. Há sinais de que uma reação à ideologia de género também se está a formar noutros lugares.

Em Fevereiro, quando Donna Hughes, professora de estudos femininos na Rhode Island University, publicou um artigo crítico à ideologia de género, surgiram petições a pedir a sua demissão. A sua universidade denunciou-a e advertiu-a de que o direito à liberdade de expressão [dos ideólogos de género]** “não tem limites”. A Sra. Hughes, que é co-fundadora da Academic Freedom Alliance (AFA), que iniciou actividade em Março, diz que a sua universidade incentivou os alunos a registar as queixas. Ela contratou um advogado “agressivo”. Em Maio, a AFA anunciou que a universidade abandonou as suas investigações sobre a Sra. Hughes e afirmou o seu direito de falar [livremente]***

O exemplo da Sra. Hughes é impressionante porque, nos Estados Unidos, onde as preocupações com a liberdade de expressão nas universidades tendem a concentrar-se nas sensibilidades raciais, visões críticas de género raramente são expressas publicamente. Isso deve-se, em parte, ao facto de não haver legislação federal que proteja especificamente as pessoas trans (ou gays) da discriminação, o que confere uma urgência especial ao activismo LGBT.

Jami Taylor, professora de ciências políticas da Universidade de Toledo e uma mulher trans [um homem biológico]****, diz que experimentou “preconceito relacionado a transgéneros” ao longo da sua carreira, desde ser chamada de “isso”, por alunos e um colega, a ser conduzida à casa de banho dos homens .

A polarização política da América torna ainda mais difícil debater esses tópicos. Activistas trans, frequentemente, retratam a crítica de género como uma causa da extrema-direita. Embora também esteja a tornar-se uma causa da “extrema-direita”, é um tópico sobre o qual feministas de esquerda e conservadoras sociais concordam.

Na Grã-Bretanha, a maioria dos académicos críticos de género são feministas ateus de esquerda. Alguns, na América, também.


**** acrescentos feitos por mim.

Prossegue no próximo post

Artigo traduzido