
O meu nome é Miriam Grossman, sou psiquiatra de crianças, adolescentes e adultos, autora e membro sénior da “Do no harm”. Há 45 anos que cuido de doentes.
Vou usar o meu tempo para responder à Dra. McNamara (NT: a Dra McNamara é uma especialista proeminente na área de tratamento afirmativo de género para crianças).
O sexo não é atribuído no nascimento, o sexo é estabelecido na conceção e é reconhecido no nascimento, se não antes.
A Dra. McNamara afirma que os seus pontos de vista se baseiam na ciência, mas afirmar que o sexo é atribuído à nascença não tem qualquer base científica. A sua linguagem induz as pessoas, especialmente as crianças, a pensar que ser do sexo masculino e ser do sexo feminino são designações arbitrárias e que podem mudar.
A Dra. McNamara afirma que as intervenções sociais e médicas são o único tratamento baseado em provas e que as provas científicas demonstram que estas intervenções salvam vidas, sem as quais, avisa-nos ela, as crianças cometerão suicídio. Bem, um número crescente de países proibiu efetivamente os cuidados a que ela se refere e, graças a Deus, não houve nenhuma onda de suicídios ou outras catástrofes de saúde mental.
- Há três anos, a Finlândia impôs limitações rigorosas às intervenções médicas em menores. A Suécia fez o mesmo depois de se ter descoberto que uma rapariga de 14 anos sofria de osteoporose e de fracturas na coluna vertebral devido aos bloqueadores da puberdade. Uma investigação concluiu que “os riscos do tratamento anti-puberdade e hormonal para menores de 18 anos ultrapassam atualmente os possíveis benefícios”.
- O Reino Unido efectuou uma análise e considerou as provas muito fracas, tendo também colocado restrições severas aos cuidados que a Dra. McNamara considera salvadores de vidas.
- A Noruega também analisou os dados e efectuou alterações semelhantes na sua política.
- A Academia Nacional de Medicina em França advertiu que “é necessário ter muita cautela médica nas crianças e adolescentes, dada a vulnerabilidade desta população e as muitas complicações indesejáveis, e mesmo graves, que as terapias causam”.
- Médicos da Nova Zelândia e da Austrália publicaram declarações semelhantes.
Estará a Dra. McNamara a sugerir que todos estes países estão a rejeitar tratamentos baseados em provas e a colocar os seus filhos em risco de suicídio? Relativamente a esse ponto de vista, a especialista em género da Finlândia, a Dra. Riittakerttu Kaltiala, afirmou que “se trata de desinformação propositada, cuja divulgação é irresponsável”.
Os sete países e também a Flórida, claro, concluíram que as crianças não precisam de ter o seu desenvolvimento interrompido, as raparigas não precisam que lhes parem a menstruação e que lhes engrossem a voz, e os rapazes não precisam de ter seios.
Tenho outras objecções ao testemunho da Dra. McNamara. Ela insiste em que a sua posição, apenas a sua, representa os cuidados médicos standard. O que ela não quer que saibam é que não há normas, há um debate, há um debate feroz, e do lado oposto ao dela estão figuras proeminentes como Stephen Levine, Kenneth Zucker, Paul McHugh e James Cantor, entre outros. Estes médicos são gigantes na área, têm tratado pacientes transgénero e recolhido dados e publicado artigos sobre eles e, não quero faltar ao respeito, mas desde antes da Dra. McNamara ter nascido.
A questão é que esses clínicos veteranos e outros que têm sabedoria e experiência são ignorados, porque discordam da narrativa actual. São contra as intervenções médicas pela mesma razão que esses sete países são: não há provas de benefícios a longo prazo, mas há provas de danos.
Vou terminar citando Jamie Reed, a corajosa denunciante da clínica de género infantil de St Louis, creio que esse hospital recebe o financiamento para educação médica que estamos a discutir hoje. Ela afirmou que os médicos dessa clínica disseram “estamos a construir o avião enquanto o pilotamos”.
“Estamos a construir o avião enquanto o pilotamos”, foi assim que descreveram o tratamento na sua clínica de género.
Os nossos preciosos impostos não deviam apoiar uma experiência tão perigosa.
Obrigada.
Tradução: Maria Azevedo (associada)
Veja AQUI o vídeo da intervenção