
O texto que escrevi para abrir o 2º Encontro da Família Conservadora.
«Dai-me cem homens que nada temam senão o pecado, e que nada desejam senão a Deus, e eu abalarei o mundo.»
John Wesley
O ethos rebelde dos conservadores
Quando eu nego o que o sistema nega e afirmo o que o sistema afirma, nenhum traço de rebeldia me caracteriza. Por isso, hoje, a rebeldia é apanágio dos conservadores. O conservador é um rebelde que resiste, ainda que esteja em desvantagem numérica, económica e tecnológica.
A maior parte dos seus concidadãos são realmente indiferentes, mas, infelizmente, essa indiferença transforma-se em apoio aos mais fortes. O indiferente é um lacaio do sistema. O outro lado da indiferença é a submissão, mas também a preguiça e a cobardia.
O rebelde supera os medos, a submissão, a preguiça, o niilismo, e propõe-se resistir a poderes muito superiores aos seus. Ele não teme; e quando teme, não fica paralisado.
Os conservadores do nosso século estão entrincheirados na cidade, no campo, nas redes sociais, nas universidades, nas igrejas, nos cafés e nas cervejarias. Eles começaram a multiplicar-se com muito pouco e contra demasiado.
- Vejo-os a ripostar com contas de Facebook, Instagram e Twitter, que são censuradas vezes sem conta, mas que são recriadas outras tantas vezes, sem descanso.
- Vejo-os a pôr em prática a sua criatividade através de memes que denunciam e ridicularizam o status quo e a editar vídeos em canais do YouTube desmonetizados que estão sempre à beira do terceiro strike.
- Vejo-os a escrever livros que são publicados como edições de autor, usando as suas poupanças para pagar a quem os pagine e faça a capa, imprimindo-os sem qualquer formalidade burocrática e depois lançando-os como “munições de guerra” em conferências, seminários, encontros e livrarias alternativas.
- Vejo-os a organizar conferências, como esta, pedindo donativos para pagar o espaço, porque o orçamento minúsculo não dá para nada, difundindo o evento “boca a boca” e nas redes sociais, lutando contra as ameaças de cancelamento e o silêncio e a hostilidade dos meios de comunicação social hegemónicos.
- Vejo-os a organizar grupos dissidentes nas suas universidades e a duplicar as suas leituras, desde que decidiram ler a bibliografia exigida pelo professor, mas também a outra.
- Vejo-os a debater: com professores, com os novos “tudólogos”, com colegas, com amigos e inimigos.
- Vejo-os a dizer “NÃO” onde todos se ajoelharam ao politicamente correcto e ao “novo normal”.
Mas, também os vejo dizer “SIM” a tudo o que essa cultura absolutamente maligna e imoral diz “não”: à vida, da concepção à morte natural, à família, à pátria, à propriedade privada, à liberdade.
- Vejo-os a usar o seu próprio corpo para defender as suas igrejas enquanto movimentos esquerdistas tentam incendiá-las.
- Vejo-os a defender a propriedade pública e privada, a sua e a dos outros.
- Vejo-os a tentar construir novos partidos políticos, quase sem nenhuma experiência anterior, sem quaisquer apoios financeiros além das moedas que conseguem tirar do próprio bolso.
- Vejo-os, em muitos casos, a obter agradáveis surpresas eleitorais quando conseguem perseverar.
- Vejo-os a criar think thanks, formações on-line, gabinetes de estudos e conteúdos digitais alternativos, que recebem cada vez mais visitas.
- Vejo-os a fazer campanha contra séries e filmes absolutamente ideológicos, que promovem o wokismo e a cultura da bandeira colorida, produzidos por grandes corporações.
- Vejo-os a obter vitórias contra gigantes multi-milionários como a Disney e o filme lgbt+ para crianças, “Mundo estranho”.
- Vejo-os a repudiar as associações lgbtetc e as drag queens que entram nas livrarias, nas bibliotecas e nas escolas, com a bênção do Estado, para destruir as mentes das crianças com o discurso ideológico do género.
- Vejo-os a marchar pelos mais indefesos de todos: os que ainda não nasceram, mas que já existem e são um de nós.
Tudo isso, e mais alguma coisa, está a causar o pânico entre os progressistas globalistas. A rebeldia tornou-se sinónimo de conservador, e não podia ser de outra forma.
A rebeldia consiste em dizer “não” ao sistema estabelecido, à cultura da morte. Uma vez que que aqueles que nos governam fizeram do progressismo o seu dogma oficial, não podia acontecer outra coisa: a rebeldia dos conservadores está a despertar.
É claro que as esquerdas encostadas continuam a fazer-se passar por rebeldes; estão desesperados, pois não querem perder o capital simbólico tão caro à sua tradição política, mas têm cada vez mais dificuldade em fazê-lo. Rebelam-se contra o que o sistema estabelecido procura destruir – o conservadorismo – e nada mais. Rebelam-se quando os seus caprichos não são satisfeitos.
Lamentam-se e choramingam diante das autoridades (que tanto odeiam e às quais têm vindo a retirar força) quando os seus opositores dizem algo que não lhes agrada, acusam de “discurso de ódio” todos os que não se ajoelham diante dos seus slogans pré-fabricados, exigem “espaços seguros” nas universidades para não ouvirem nada que os faça pensar, exigem o apoio das organizações internacionais e os donativos incalculáveis das ONG dos meta-capitalistas para cumprirem as suas agendas.
Tudo isto está a tornar-se cada vez mais óbvio e a provocar a revolta daqueles que têm vindo a ser alvo de ataques constantes.
Por seu lado, os conservadores erguem a voz contra a casta política e a burocracia parasitária que vive à custa dos povos,
- contra as organizações internacionais que fazem das nossas soberanias uma ficção e das nossas democracias uma piada,
- contra os “filantropos” do meta-capitalismo global que injectam as suas fortunas na engenharia social e cultural, que ameaça destruir a sociedade de matriz judaico-cristã,
- contra aqueles usam o seu poder para destruir a liberdade de expressão nas “redes sociais”,
- contra os meios de comunicação social hegemónicos, desesperados por manter o monopólio das fake news,
- contra o establishment académico que promove, recompensa e concede qualquer disparate com a única condição de que se enquadre nas exigências da religião woke que também domina o status quo.
Hoje, quando observamos a forma que o poder assumiu, quando ouvimos os líderes dos partidos que sempre estiveram no poder, não podemos deixar de constactar que os conservadores se tornaram rebeldes, e que os progressistas, o centro-esquerda e a direita fofinha – os socialistas – se tornaram o sistema.
O ethos rebelde dos conservadores assenta na virtude da coragem. Nada de vitimização; é esse o vício que caracteriza a rebelião idiota da nova esquerda. Como alguém escreveu:
Perante o tratamento mediático que nos é reservado, a nós, cristãos, a nós, identitários, a nós, portugueses, a nós, europeus, grupo social inferior, parente pobre das políticas de diversidade e paridade, nenhuma quota para nós, nenhuma consideração.
Nós, conservadores, subalternizados por tudo e todos, somos o saco de pancada favorito dos poderes políticos, mediáticos, culturais e académicos.
- Nada é mais fácil do que rirem-se de nós, insultarem-nos, fazer de nós bodes expiatórios, acusarem-nos de sermos “dinossauros”, “negacionistas”, “fascistas”, “d’extrema-direita”, apontarem para a cor da nossa pele (branca), para o sexo masculino (homem), para a nossa orientação sexual (heterossexual), procurando desintegrar-nos, ainda que muitos de nós, conservadores, tenham outra cor de pele, outro sexo (mulher) ou outra orientação sexual.
- Nada é mais fácil do que fazer-nos a vida negra nas universidades baixando as nossas classificações, retirando-nos os nossos méritos e até ameaçando-nos com a retirada dos nossos títulos académicos, que eles próprios nos concederam.
- Nada é mais fácil do que expulsar uma criança de 12 anos da escola, por usar uma t-shirt com a frase: “Só há dois géneros”. Ou seja, por dizer o óbvio, o normal, o natural, por expressar a sua fé, aquilo em que acredita.
- Nada é mais fácil, do que cancelar os nossos eventos, denegrir a nossa fé, atacar o cristianismo e ridicularizar tudo o que consideramos sagrado. Difícil, seria fazer o mesmo activismo no mundo islâmico.
- Nada é mais fácil do que acusar-nos de «discurso de ódio» quando nos defendemos dos odiadores que monopolizam o «discurso do amor».
- Nada é mais fácil do que excluir-nos. É o paradoxo da sociedade inclusiva: que só funciona sob o preço da nossa exclusão.
Mas, não choraminguemos por nada disto. Deixemos que os progressistas choraminguem, entreguemos-lhes alegremente o monopólio das birras e o estatuto d’eternas vítimas. E, se alguma lágrima vertermos, que seja de coragem, nunca de cobardia, pois a nossa energia não provém de vitimização e lamúrias, mas sim da coragem de sabermos que urge resistir.
Então, que cada ataque se converta numa medalha, que cada insulto nos leve a constactar que estamos a incomodar e que devemos continuar a fazê-lo.
Efectivamente, eles têm vindo a pisotear as nossas liberdades, a ridicularizar a nossa fé, a demonizar a nossa família, a encher a cabeça dos nossos filhos de lixo ideológico, a incendiar igrejas, a defecar nos altares, a hormonizar e mulitar sexualmente as nossas crianças, mas… não contaram com a nossa coragem.
Tal como Martin Luther King, eu também tenho um sonho!
Que, hoje, seja o dia D para o maior movimento conservador da presente e das futuras gerações. Declaro aberto o 2º Encontro da Família Conservadora.
Maria Helena Costa