
Boa tarde Maria Helena,
Peço imensa desculpa estar a incomodar, mas estou desde ontem indignada com a escola da minha filha e tenho esperanças de que me consiga ajudar quanto à forma de tratar deste assunto com a escola.
A minha filha de 9 anos (3° ano), ontem, chegou a casa e INFORMOU-ME que tinha combinado com uns amigos e que iria encontrar-se com eles no parque.
Obviamente disse-lhe: “Nem pensar! Amanhã tens escola, hoje não vais a lado nenhum, tens trabalhos de casa para fazer!”.
Ainda apareceu um rapazinho aqui à porta, de bicicleta, para a vir buscar. Quando ouviu a Teresa a insistir e me ouviu novamente a dizer que não a deixava sair, usou palavões enquanto se dirigia a mim. Obviamente, fiquei pior por ser com este tipo de pessoas que a minha filha quer passar o tempo. Mais tarde vim a descobrir que não era suposto eu não a deixar ir, que era suposto permitir que a minha filha de 9 anos fosse sozinha para o parque ter com os amigos e, para piorar a situação, depois descobri que eram literalmente só amigOs, sem nenhuma outra menina.
Ainda tentei explicar calmamente à minha filha que não tem idade, que há pessoas malucas que lhe poderiam fazer mal e que não está preparada para ir sozinha a lado nenhum. Conclusão dela: “só porque sou menina?!?! Pois porque se fosse menino de certeza podia ir como os meus amigos vão.”
Obviamente disse-lhe que não, nenhum filho ou filha minha, com 9 anos, iria sozinho para onde quer que fosse (mas fiquei logo com o bichinho atrás da orelha).
Ela continuava a insistir, depois de eu tentar explicar 50 mil vezes as mesmas coisas, até que me fartei e pensei “se estás a dar tantas explicações a uma criança de 9 anos, o que é que vais fazer quando ela tiver 14/15? “. Nesse momento acabaram-se as explicações e a conversa terminou com um “NÃO! A mãe sou eu, eu é que mando, e tu não tens nada que combinar rigorosamente nada com ninguém, estas coisas são combinadas entre os pais, não pelos filhos sem autorização prévia dos pais, e acabou!”
Então começou outro drama: Na escola, estiveram a ler um livro onde se explicava como é errado os pais dizerem “PORQUE NÃO” aos filhos, porque as crianças não deixam de ser seres humanos e de ter direito a uma explicação que compreendam sobre as coisas…
Ou seja, a escola está a ensinar à minha filha de 9 anos que é suposto eu sentá-la e explicar-lhe o que é violação, o facto de que não confio nos seus amigos malucos e sem a mínima educação (ouvi-os nas aulas on-line, literalmente, a mandarem o colega levar no #@ e não acredito que esteja em segurança com eles? Ou, então, é suposto eu explicar-lhe que em frente do parque onde ela queria ir sozinha vive o homem maluco que há 3/4 meses esfaqueou a mulher e a filha, porque é um alcoólico e um agressor perigoso?
Desde quando é que a Escola me pode negar o direito de garantir e preservar a inocência da minha filha?
Sempre ouvi dizer que a escola não é responsável por educar crianças e que isso é obrigação dos pais. Então, porque é que a escola está a interferir na educação que eu estou a dar à minha filha?
Eu não sei nem por onde começar a abordar este assunto… Considero que a escola está a meter-se onde não deveria e não pode ser. A minha filha de 9 anos está a ter comportamentos de adolescentes de 15 anos, desobedientes aos pais, graças a ensinamentos da escola! Como se trava isto?
Ela está no 3° ano, Maria Helena. Foi-me retirada com 6 anos e voltou com 8, completamente revoltada. Está em apoio psicológico, tem ciúmes das irmãs mais novas e agora a escola está a convencê-la de que é um adulto e não é! A única coisa que o sistema podre – que me retirou a minha filha – fez, foi causar-lhe problemas de auto-estima que a fazem querer ser sempre o centro das atenções, ao ponto de fazer tudo o que os amigos lhe mandem para que a aceitem e gostem dela. Neste momento a independência da minha filha representa um perigo para ela própria. Aquilo que eu e o psicólogo estamos a tentar corrigir, a escola está a estragar com a sua interferência.
O que é que eu faço?
A quem é que apresento queixa sobre isto?
Aonde me dirijo?
Com quem falo ou a quem bombardeio com e-mails?
Tenho que levar isto à televisão?
Não ganhei a luta da minha vida, que durou três longos anos, contra um sistema podre, que me retirou duas filhas sem justificação, para agora perder as minhas filhas para uma escola de uma aldeola que nem farmácia tem. Eu estou disposta a dar a cara, não tenho nada a esconder, só quero o bem-estar das minhas filhas e o direito de lhes dar a educação que merecem e precisam!
Sofia Lynce de Faria