Ideologia de género e a experiência médica nas nossas crianças (3)

Permitam-me que me debruce por um minuto sobre os danos da experiência chamada “cuidados de afirmação do género”. Enquanto que há pessoas que estão satisfeitas, para algumas os danos são catastróficos. A lista de possíveis problemas médicos provocados pelos bloqueadores, pelas hormonas de sexo cruzado e pelas cirurgias é extensa. Não seria possível falar de todos eles nestes poucos minutos. Algumas áreas de preocupação: densidade óssea, ataques cardíacos, coágulos sanguíneos, acidentes vasculares cerebrais, menopausa precoce, disfunção sexual, infertilidade, efeitos no desenvolvimento do cérebro. E isto só devido a hormonas, nem sequer chegámos às cirurgias.

Agora, em relação às cirurgias: durante algum tempo, cheguei a pensar em mostrar-vos uma série de fotografias, há tantas disponíveis de raparigas de 14, 15 anos com cicatrizes de mastectomia recentes no peito.

Ou ainda piores, as chamadas bottom surgeries, eufemismo, claro, para castração, seguidas da construção daquilo a que se chama uma neovagina, que não é de todo uma vagina, e as cirurgias genitais feitas em mulheres que querem parecer homens, estas cirurgias vêm com uma taxa alarmante de complicações, algumas delas muito dolorosas, perigosas e debilitantes. Um pesadelo horrível.

Por isso, imaginei ter estes ecrãs grandes e mostrar-vos estas imagens horríveis, mas a sala não está preparada para isso, por isso considerem-se sortudos. São imagens que não esqueceriam facilmente.

Portanto, em vez disso, nada de imagens. Mas vou ler-vos as palavras angustiantes de uma mulher que viveu como homem durante oito anos, antes de regressar à sua identidade feminina.

É aquilo a que se chama uma pessoa detransicionada: fez a transição e depois decidiu que gostaria de voltar a viver como mulher. Estas são as pessoas que temos de ouvir e temos de aprender com as suas experiências, por isso vou ler-vos um testemunho editado no YouTube de uma mulher. O seu nome é Jaleesa e penso que está na casa dos 20 anos. Ela não menciona ter tomado bloqueadores, mas pela sua voz baixa é evidente que tomou testosterona.

Começou a transição médica aos 18 anos. Foi submetida a uma série de cirurgias ditas de afirmação do género: fez uma mastectomia bilateral, removeu o útero e os ovários, as paredes da vagina foram cosidas e o cirurgião pegou na pele e nos tecidos moles do seu antebraço e construiu um pénis e testículos falsos.

Após a cirurgia, ficou viciada em analgésicos. Agora, anos mais tarde, é isto que ela quer que o mundo saiba: «Como é que volto a amar-me? Como é que me sinto novamente ligada a mim própria? Não sei o que me aconteceu. E estou tão zangada, tão triste e não sei como é que isto aconteceu. Algo me infectou, um vírus ou assim, aconteceu tão depressa. Se eu tivesse apenas esperado», ela está a chorar, «se eu tivesse esperado e me tivesse deixado curar. Não posso ter filhos, tenho de aceitar os restos da vida que podia ter tido. Podia ter tido uma vida plena, para a qual agora tenho de fazer o luto. Eu era jovem, estava triste, era impressionável e pensei que isto iria resolver tudo. É tão mau, é tão mau, é algo com que vou ter de viver. Não há como consertar, não há como melhorar, não vejo um caminho, uma maneira de seguir em frente. O meu corpo parece tão estranho que é difícil olhar para ele e aceitar que é meu. Como mulher que pensava ser trans, fui até ao fim, até onde se pode ir, e depois acordei e apercebi-me de que tinha cometido o maior erro da minha vida. Houve uma razão para ter demorado tanto tempo a fazer a detransição, foi para evitar o inevitável, todo este luto, esta dor, esta perda, estes destroços com que agora tenho de me sentar e perceber. Estou sempre a perguntar-me como é que isto me aconteceu».

Esta mulher é uma vítima da experiência médica chamada “cuidados de afirmação do género”. O seu sofrimento era 100% evitável e ela diz «se eu tivesse esperado, se eu tivesse esperado e me tivesse deixado curar». Sim, sim, exactamente! Esse é o tratamento adequado, esperar e curar. Se acham que a história dela é invulgar, sugiro que vão ao Twitter com o hashtag d-trans, muitos outros hashtags, e vão ao Reddit para d-trans.

Há lá 38 000 pessoas. 38 000 pessoas a contar as suas histórias.

Como médica, já vi perdas e sofrimentos catastróficos devido a doenças como o cancro e a esquizofrenia, e posso viver com isso.

A ideologia de género também leva a um sofrimento catastrófico, mas é criada pelo homem: ensinar as crianças a negar a biologia é criado pelo homem, dizer-lhes que podem escolher se são raparigas ou rapazes, ou ambos, ou nenhum deles, porque lhes pode ter sido atribuída incorrectamente uma identidade à nascença é uma ideia criada pelo homem, disponibilizar hormonas e cirurgias perigosas sem uma avaliação e tratamento adequados de saúde mental, transformar isto numa questão de direitos civis, silenciar e intimidar os detransicionados e médicos como eu que acreditam que os nossos pacientes melhorarão através da espera e da cura. Essa abordagem é agora considerada sem ética. Tudo isto é criado pelo homem, não o posso aceitar e vocês também não deviam.

Fonte

Tradução: Maria Azevedo (Associada)

Miriam Grossman | Ideologia de género e a experiência médica nas nossas crianças | National Conservatism em Miami