Europa, donzela raptada, até quando permitirás ser roubada de ti?
Quando da história do teu nome, permitiste ser enganada e levada daqueles que eram teus?
E se a história tiver continuação? E se ainda houver tempo para que sejas livre, Europa?
Quando já era noite, e tu choravas a perguntar quando a vida começaria, que talvez tu tivesses lugar de destaque em tua posição original, distraída pela ansiedade e pela vontade de saber o que não era apropriado ainda, abandonaste o verdadeiro conhecimento, viajaste pelos céus que te fariam brilhar, quando a tua pressa, autossuficiência e arrogância te fizeram ser roubada de ti própria, de maneira ardilosa, em guerra e em silêncio, deixaste de ser Europa.
Poupou-se o teu nome, poupou-se a tua terra, ainda assim, a escravidão de não ser quem nasceu para ser, faz com que tua dor seja disfarçada pela força de um pensamento que anda em voltas e confunde, não revela, somente faz dormir. Até quando dormirás, Europa? Para fugir do cativeiro, basta acordar e lutar.
Por que te apaixonaste por quem te sequestrou? E por que te deixas levar pela canção de ninar, quando deverias pensar? Por que te deixas perder em uma escuridão de indecisões que parecem certas até que a luz brilhe sobre elas? Por que esqueces os primeiros juramentos e te deixas ir mais uma vez? Por que ao Sul, permites o vento de morte e domínio? Por que ao norte permites a dor da frieza que irradia? Por que fazes com que aqueles que te amam queiram desistir?
Havia tanto para conquistar ainda. Havia tanto conhecimento para te cobrir de beleza. Havia tantos planos para que fosses lugar de refúgio, para que fosses princesa. Por que aceitas tão pouco?
Por que com bronze cobres teus ouvidos? Por que com prata fechas teus olhos? Por que com Babel dizes o que não sabes? Por que afliges os que não se corromperam como escolheste fazer? Ainda há tempo para arrependimento, Europa. Ainda há tempo para voltar a ser quem nasceste para ser.