A pureza sexual não é o caminho de menos prazer (como geralmente se assume), é o caminho da gratificação adiada.
O que é a gratificação adiada?
– É, em muitos sentidos, o que nos distingue dos macacos: é a capacidade cognitiva de renunciar ao desfrute de um prazer menor imediato, com a mira de desfrutar de um prazer futuro muito maior. Aqui estão alguns exemplos:
– O jovem que termina o 12º ano renuncia ao gozo de um salário imediato, mas pequeno, num trabalho pouco qualificado, investindo mais anos da sua juventude em estudos formais, sem remuneração financeira, com vista a gozar de um futuro salário muito maior numa ocupação altamente qualificada.
– O trabalhador que decide aplicar 25% do seu ordenado numa poupança reforma, dinheiro que não poderá usar por muitos anos, na esperança de que quando se reformar tenha dinheiro suficiente para desfrutar da sua velhice sem ter de trabalhar.
– A jovem, que aspira a ser uma grande pianista, renuncia a horas de recreio e, em vez disso, dedica-as a exercícios extenuantes e tediosos, para que, com o tempo, possa tocar entre os melhores perante grandes audiências.
E assim é com a sexualidade: ao contrário dos animais, que são escravos de suas paixões e instintos, aquele que resiste deliberadamente à tentação de satisfazer cada impulso e capricho sexual, na esperança de um dia conhecer aquela pessoa digna que vai amar e, entre os dois, partilharão algo único e especial: uma melodia exclusiva de amor, paixão e entrega completa nos laços sagrados do matrimónio. Será uma melodia que só os dois conhecerão e unidos encontrarão prazer sem fim um com o outro.
A promiscuidade, então, é a antítese da verdadeira gratificação: entorpece a mente e destrói o controle deliberado das faculdades mentais sobre o corpo, seduzindo as pessoas desde cedo para o caminho da satisfação imediata, para uma vida sem quaisquer restrições. Isso, naturalmente, leva à dessensibilização: quanto mais alguém satisfaz os seus fetiches sexuais, menos prazer obterá deles. Tornar-se-á escravo das suas paixões e, pior ainda, não terá nenhum prazer verdadeiro e duradouro delas.
Estamos a viver tempos de promiscuidade louvada, onde reina uma cultura de gratificação imediata. Podemos ver os efeitos corrosivos que está a ter em todas as esferas da vida, desde as políticas públicas até às estruturas familiares nos lares.
_ Cristão Conservador