Cultura, uma só palavra, três significados diferentes

Estátua de Cristóvão Colombo é tombada no marco de dois meses de actos na Colômbia

No post anterior, escrevi sobre “Família, Igreja e Pátria”, hoje, vou escrever sobre “Cultura”.

O que podemos observar ao nosso redor, que resumi nos dois posts anteriores, diz-nos que o projecto de engenharia social da nova esquerda é muito maior, que não existem eventos isolados e que tudo está a ser conduzido para um mesmo propósito. Então, há que anular a família, a fé e as fronteiras; há que mudar a cultura.

  1. CULTURA, é um termo muitíssimo problemático porque o usamos muito e o definimos pouco. É verdade que há muitas definições de cultura, mas vou tentar agrupá-las em três:

NO SÉCULO 18, a palavra cultura começa a ouvir-se frequentemente nos discursos dos filósofos. A palavra cultura vem do latim culturae, que significa cultivar e que nos leva a pensar em agricultura. O que é a agricultura? É o esforço do trabalho humano sobre a terra para que ela renda frutos.

O que é, então, a cultura? De acordo com os filósofos do século XVIII é o esforço sobre o espírito humano para desenvolver faculdades humanas, como a inteligência, o domínio da vontade, o bom gosto, as boas maneiras, etc.

Essa definição ainda está presente nos dias de hoje. Por exemplo, quando decidimos que o Pedro é muito culto e que o João é inculto, estamos a pensar como pensavam os filósofos daquele tempo: que a cultura é algo que se desenvolve e se cultiva ou que não se desenvolve e, portanto, não se tem.

  • A ANTROPOLOGIA empírica do século 19 vai trazer-nos outra definição muito diferente.

Quem são os antropólogos? São aqueles senhores muito interessados noutras sociedades e que, no século 19, a partir da Europa, saem à procura de povos mais exóticos e tribos selvagens, para estudarem como funciona o homem noutros contextos, e começam a ver que existem outras crenças, outros hábitos, outros costumes, outras línguas, outra arte, outra arquitectura, outra organização política, e dizem: «bem, a tudo isto, que não depende de uma herança biológica, vamos chamar cultura.»

Portanto, o que é a cultura para a antropologia?

Tudo o que não depende de uma herança biológica, mas que caracteriza a vida do homem. Por exemplo, a cadeira na qual estou sentada, para um antropólogo, é cultura.

  • ESTÉTICA, é outra definição de cultura.

O que é a cultura? É o fruto da expressão humana, do sentido estético do ser humano. Por exemplo, uma obra de arte, um monumento, uma peça de música. Se eu pedir a alguém para me levar a um passeio cultural, não creio que me levem ao centro comercial. A pessoa vai entender que pretendo visitar uma galeria de arte, um museu, conhecer algum monumento histórico da cidade…

Cultura, uma só palavra, três significados diferentes.

Mas, o mais urgente é percebermos que a cultura não é um adorno, mas sim um dispositivo.

O que é um dispositivo?

É algo que te dispõe, que te predispõe. Um adorno não me dispõe a nada. Um dispositivo dispõe-me a actuar, a celebrar, a proibir e a permitir. Cultura, é poder. Isso significa que eu posso dispor da cultura para mudar o comportamento dos outros, mudando o seu ambiente cultural.  É importantíssimo entender isto: Se a cultura é uma criação humana, significa que eu a posso criar, mas também significa que isso afectará o comportamento dos outros.

Portanto, se eu tiver poder sobre a cultura, tenho poder sobre o comportamento dos outros e posso dispor deles.

Por exemplo: alguém acredita que o facto de a Disney estar tão empenhada em vender, constantemente, às crianças, a mentira de que podem ter identidades de género infinitas, que podem mudar de sexo como quem muda de camisa, que se percebam a si mesmas como NÃO são, não tem um efeito directo nelas? Não faz com elas fiquem confusas quanto à sua própria identidade e sexualidade? Claro que faz.

A Disney, o écran e a tela do cinema são dispositivos culturais que influenciam milhões de pessoas, para o bem e para o mal.

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