
O mundo atravessa uma pandemia, como uma expressão do vale da sombra da morte presente no Salmo 23. Apesar da desgraça, é interessante notar como estamos a exercitar o nosso pensamento político – fruto de um despertamento acelerado nos últimos anos, e fruto de tantos escândalos insuportáveis, que fazem a sociedade portuguesa tomar gosto pelo tema. Estamos a aprender a colocar escolas de pensamento e visões de mundo na balança: entendendo o que é progressismo, colectivismo, liberalismo e conservadorismo.
A nossa intenção é dar algumas pinceladas sobre o que é o conservadorismo no seu sentido puro e simples: trata-se de uma visão de vida comprometida, antes de tudo, com a realidade palpável. E, por realidade, entendam-se aqueles aspectos comezinhos da nossa vida quotidiana: a família e as suas múltiplas dimensões sociais, a possibilidade de suprimento, geração de empregos (num ambiente de livres trocas, com um Estado que garante a segurança jurídica nos acordos, bem como o direito de propriedade) e a promoção da dignidade da pessoa humana por meio de políticas estruturadas para manter direitos e garantias fundamentais que visem ao bem comum. O conservadorismo não lida simplesmente com uma ideia romântica de mundo, um sonho utópico. Lidamos com premissas baseadas na observação e experiência das gerações anteriores, pois não há futuro sem passado e presente.
A maneira como cuidamos da nossa família revela de que modelo político somos (de facto) adeptos. Ser um conservador de Facebook, mas ser negligente em proteger a família, é uma grande hipocrisia. Isso piora quando somos teimosos ao ponto de colocar a vida de muitos outros em risco: aí perde-se mesmo a paciência – um desprezo à ideia de bem comum, que foi trabalhosamente destrinchada pelo doutor da Igreja, Tomás de Aquino.
Além de ser um momento para fortalecer a nossa fé e ser firme quanto ao valor da dignidade da pessoa humana como princípio constitucional, é um tempo de prudência.
A lição de Direito Religioso que podemos deixar nesse momento é que a defesa pela preservação das instituições deve continuar fortalecida. Exercitamos essa crença no desempenho da provisão familiar, na fiscalização quanto às medidas locais que estão a ser tomadas para conter o vírus e no combate efectivo contra qualquer ideologia que tente surfar na onda da histeria, ou que tente criar uma imunidade para regimes comunistas que têm responsabilidade na desgraça que vivemos [se a tese de desenvolvimento do vírus não for comprovada, a negligência já foi assumida: o governo chinês ficou em silêncio e virou as costas a um perigo iminente].
Aqui também vale lembrar que a República Socialista da China já tem no seu histórico diversos actos de violação da dignidade da pessoa humana, como a perseguição religiosa contra os cristãos e o sistema de créditos sociais que macula a vida privada da população e obriga que todos adoptem uma postura benevolente com um governo marxista.
Devemos manter todas as frentes alimentadas: a frente de protecção aos nossos familiares, a frente de propostas para o governo que tenham viabilidade existencial e a frente que não se curva a qualquer sistema de governo que ignore o valor da vida humana.
Fonte: https://voltemosaoevangelho.com/blog/2020/04/o-conservadorismo-e-provado-em-tempos-de-crise/