Espera-se sempre do outro, o passo para a reconciliação. Espera-se sempre uma data especial ou algum acontecimento externo para dar o passo de perdão.
Mas será necessário esperar toda a vida para estar junto de novo? Será necessário perder minutos, horas, dias ou anos para amar quem amamos?
O Natal é sempre visto como uma festa em que a família toda é reunida, em que lembranças são feitas na infância e são levadas para a vida toda. E esse tempo deveria gerar boas expectativas, mas tem gerado ansiedade e medo.
Recomendações para que a família não se reúna, mais uma vez, textos informativos que orientam a afastar dos familiares porque, talvez, eles sejam tóxicos. Tamanha superficialidade com que transmitem conhecimentos profundos, tamanha deturpação de seus reais significados.
Quando uma pessoa diz que alguém é tóxico, esquece que ela também pode ser, e certamente, a pessoa tóxica não quer o afastamento dos demais (afastamento que só provocará mais toxicidade).
As expectativas de tempo em família para ceia e amor, para contar histórias, para rir, para descansar vão sendo transformadas em tempo de desespero, ansiedade, distanciamento, palavras tóxicas e cobranças.
Talvez seu primo ainda não tenha conseguido o emprego dos sonhos, talvez seu sobrinho ainda não tenha a namoradinha, talvez sua filha ainda não tenha te dado netos, e talvez, todos eles queiram essas coisas e ainda não tenham conseguido, tocar na ferida não é necessário. Pergunte como eles estão, se precisam de algo e diga que está ali e fica feliz com a presença deles no Natal.
Da mesma forma, quem recebe perguntas e comentários difíceis de ouvir, também pode explicar com amor e paciência o quanto isso pode ferir, mas, escolher o completo distanciamento não é a solução.
O ferro afia o ferro e o ser humano é afiado pelos outros seres humanos, sem convivência, sem paciência, sem aprendizados, todos perdem e pensam que ganham. A verdade é que cada um pode estar enfrentando uma batalha, e podemos escolher ser amor e não acusação.
Os estudos orientam que os traumas das pessoas são criados no ambiente familiar, e criam verdadeira aversão aos familiares como se eles fossem intencionais em gerar traumas, mas como diz a sabedoria “ainda que eu conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.”, quem tem conhecimento sem amor, não é nada.
O conhecimento tem que ser aplicado com o amor, aqueles que ferem e criam traumas o fazem porque primeiro foram feridos, e seus traumas falam alto, e eles também não entendem o motivo de fazer o que fazem.
Antes de julgar, apontar, condenar, saiba que o réu pode ser você mesmo. A compreensão e a orientação para a mudança podem vir de quem ama. Em lugar de colocar suas feridas em primeiro lugar e tentar se esconder de qualquer convivência, escolha ser amor, escolha entender que do outro lado tem alguém ferido também, e o Amor cura.
Sem amor, qualquer conhecimento é vazio, com pessoas, o amor pode fluir. Seja quem você quer encontrar nesse Natal, apontar falhas e defeitos nos outros não te fará melhor. Não espere para ser amor.