Deixar de depender, deixar de manter um vínculo de necessidade e obediência.
Independer, o que tanto parece liberdade pode ser apenas uma falsa maturidade e ignorância de quem pensa que sabe o que está a fazer.
Independência, tão celebrada, mas também tão marcada por dores e traumas, por sofrimentos e lutas que talvez não precisassem assim ser.
Enquanto a independência de uma nação a ser comemorada, a independência do ser humano que se distancia do que lhe traz vida a ser lamentada.
Independência que muitos pensam ser a solução, mais escraviza do que liberta, parte do que o ser humano precisa também é limite e regra. Decidir, independentemente do que faz bem, também é pressupor que existe paz onde há guerra.
Escolhas e caminhos que destroem laços que fazem bem, decisões impensadas na busca imparável por ser mais autossuficiente e menos depender produzem a sensação de um falso controle que atrai para o abismo, mas será tarde quando perceber.
Jovens independentes que deixam de ouvir quem os amam, adultos inconsequentes que permitem que uma família se desfaça tão somente porque não sabem dizer, não sabem estar, não querem depender.
E na liberdade da dependência há muito mais vida e virtudes para celebrar, na ruptura da presença, do amor e da base sólida a independência que faz chorar, faz o coração sofrer e a consequência é não amar.
Mas quando se fala em família, quando se fala em princípios há sempre quem questione e diga que é preciso mudar, que são novos os tempos e a mentalidade não pode ser sempre mesma, há que se enquadrar. Ocorre que certas coisas da vida são absolutas, e mesmo que repitam milhões de vezes uma mentira, verdade não se tornará.
A independência, tão falsa, faz parecer que muito caminhou e se distanciou, mas o abismo continua ao lado, à espera que o devaneio deixe de parecer belo e produza o verdadeiro resultado.
Uma má ideia bem apresentada faz parecer correcto fazer uma escolha superficial que atenda aos anseios imediatos, que pareça a perfeita solução para quem anda cansado, desfazer na matéria o que é eterno é destruir um futuro preparado, o que só produz desgaste, um sentimento de luto, um coração quebrado.
Reconstruir a ponte que se rompeu, restabelecer o diálogo em uma comunicação que acontece, consertar o que se quebrou produz maior resultado, talvez o problema seja menor do que parece, certamente, mais vale agir em esforço mútuo para refazer os laços.
Uma nação pode se tornar independente, uma família que se desfaz tem por resultado pessoas que continuam dependentes de traumas e sofrimentos. Existe uma possibilidade de manter o amor, existe uma possibilidade de arrumar a casa, recontar a história, não desistir quando parece o fim. Escrever mais um capítulo da história familiar, o episódio decisivo para quem continuar. O dia em que venceram uma adversidade que quase os destruiu, o dia em que escolheram continuar unidos e dependentes do Amor.