Filosofia de cordel “O sexo”

A nova filosofia de esquerda consiste em tomar a parte pelo todo, ou seja, pegando  em um qualquer elemento que faça parte de uma realidade, transformam-no na sua causa e consideram-no como um todo.

Por ex. O sexo! 

É indiscutível que o sexo está presente em todas as relações humanas, mais que não seja pelo facto de elas ocorrerem entre seres sexuais, homens e mulheres.

O que eles fazem é afirmar que o sexo não é um elemento das relações humanas mas sim, aquilo que define as relações humanas, (A causa), e de seguida, consideram que tudo decorre desse elemento, o sexo, (O todo). 

Esta filosofia de cordel, completamente enviesada e despropositada, tomou conta de todos os órgãos de comunicação social e estabelecimentos de ensino universitários e não só, como matéria prima para a irreverência natural da juventude, precisamente substituindo argumentos, que pela evolução da melhoria das condições humanas, começam a faltar para alimentar essa irreverência. 

Ela é a eloquência da dialética negativa, (que não é mais nem menos do que a “Crítica Radical de tudo quanto existe”, de Marx, que de resto, Marx postulou mas nunca chegou a pôr em prática), e faz uso de um facto que é a realidade de que, em tudo o que o homem faz, até no bem que pratica, há sempre uma margem de maldade ou melhor dito; de imperfeição. Nenhuma acção por mais benemérita que seja, consegue a perfeição do bem absoluto. Isso está reservado a Deus. 

É esta pequena margem que esta filosofia aproveita para, (lá está; generalizando), classificar tudo como negativo e alvo de crítica, colocando-se ela própria deste modo, acima de qualquer crítica ou julgamento. Os seus “discípulos” passam assim a estar acima de tudo, acima de todas as realidades. 

Mas, perguntemo-nos:

Existir acima de tudo não é um papel que cabe apenas a Deus? 

Então, se estes filósofos e defensores desta filosofia, se colocam acima de tudo, através da crítica negativa, serão a representação de Satanás, porque Deus não julga pela negativa. 

Entendamos:

Se a luta do proletariado já não colhe, porque o proletariado já está integrado (e contente) no capitalismo, o princípio do comunismo cai por terra. Se os Estados já não são oprimidos por outros Estados opressores mas antes, sobrevivem com a ajuda dos Estados que eram os opressores, o fascismo, (evolução do socialismo a partir da cisão dentro do partido socialista italiano), também já não colhe.

O que resta?

Resta criticar tudo a partir de uma realidade acima das realidades. Desta forma, os seus autores não estão ao nível da critica nem do julgamento, eles são a crítica e o julgamento. 


Inspirado no discurso de Olavo de Carvalho, na conferência transmitida pela Brasil Paralelo em 2019.
Paulo Almeida
Associado da AFC