Ensino Doméstico em Portugal (e noutros países), para quê, para quem e porquê, já agora?

A escola NÃO é, per se, o melhor contexto de sociabilização. Para algumas pessoas é ou foi. Para outras não é, não foi, nunca será. Quanto maior, mais povoada, menos cumpre essa sua possível função.

Colocar a criança na escola é sinônimo de socialização?

2. “…a escola é por excelência um espaço de sociabilização e de aprendizagem de competências e valores sociais no âmbito da cidadania ativa.” “Por excelência”, não é. Porque não o é, em si. Dentro da mesma sala de aula, diferentes crianças e jovens têm experiências muito diferentes. Para a maioria é assim assim; e a sociabilização com ou sem contexto escolar, não produz grande impacto nas competências sociais e cidadania activa destas crianças. Para outras, fará toda a diferença. É escola-casa, lugar de referência para uma existência minimamente saudável, possibilidade para o desenvolvimento de melhores relações com pares e adultos. O código-postal, juntamente com o genético, continuam a ser factores muito influentes na previsão do futuro de uma pessoa, de acordo com um estudo publicado já este ano pela Harvard Medical School.

Com excepção desses casos, para os quais a escola se constitui como lugar quase absoluto de desenvolvimento (mas também para estes) a escola não é muitas vezes pêra-doce. Os miúdos pobres, sem indicadores externos de valor (que possam demonstrar aos seus pares), das aldeias, feios, de minorias linguísticas, à partida com menos skills, incapazes de se ajustarem às expectativas desta sociedade sem tempo, esses ganham menos do que seria necessário.

A aprendizagem social, requer modelos sociais eficazes, capazes. Isso implica a existência de outros mais velhos e habilidosos, disponíveis para observar e regular, ajudando a criança na transição da hetero para a auto-regulação. Isto é dificilmente conseguido com os rácios adulto-criança das escolas tradicionais.

A começar logo no pré-escolar (ou antes disso). Estou a escrever um artigo que compara a concordância dos educadores e de crianças em idade pré-escolar sobre quem são os seus amigos. Os nossos resultados, como noutros estudos, mostram que é baixa a concordância, menor ainda para as crianças com desenvolvimento atípico, mas que melhora um pouco nas salas onde há menos crianças.

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