“Criança de 1 ano é “ante-género”, que é um termo que significa “antes do género”.”??

Quando ouvi o vídeo em inglês não queria acreditar que estava a entender o que estava a ser dito, até porque envolve duas crianças… Então, pedi ao meu amigo Ari Constâncio para traduzir a conversa e, quando ele ma enviou, chorei.

Como é possível que isto esteja a ser feito a crianças indefesas?

Como é possível que adultos promíscuos e ensandecidos abusem e manipulem crianças desta forma?

“Família de género neutro educa a sua criança como “theyby”.

Programa Good Morning Britain Apresentadores: Piers Morgan (PM), Susanna Reid (SR) Entrevistado: Ari Dennis (AD) (mulher biológica)

Susanna Reid: Temos ouvido falar de pessoas que se identificam como não-binários usando o pronome “they/them” (eles) em vez de “ele” ou “ela” mas … e que tal isto? Ter um “theyby” em vez de “baby” (bebé). É um novo termo que alguns pais usam para mostrar que a sua criança está a crescer com género não-binário. É uma situação muito interessante. Conte-nos por favor um pouco sobre Sparrow. Consegue pelo menos dizer com que género Sparrow nasceu ou é algo que simplesmente evita falar?

Ari Dennis: Bom, toda a questão sobre género é que ainda não conhecemos o género de Sparrow. Quanto à sua anatomia, preferimos manter isso privado (apenas alguns cuidadores sabem).

SR: Isso não foi o que ocorreu com Hazel, que foi a sua primeira criança, porque Hazel cresceu sendo educada como menina.

AD: Bom, eu atribuí inicialmente pronomes binários a Hazel, é verdade. Quando Hazel cresceu, manifestou preferência por um desses pronomes.

Piers Morgan: Certo, para que eu possa entender, isto é evidentemente muito complicado. Não para si, mas é complicado para mim. Deixe-me por favor tentar talvez ilustrar. Explique-nos a sua configuração doméstica. Você é casado, certo?

AD: Sim, somos uma família de 3 adultos educando duas crianças, de 8 e 1 ano de idade.

PM: E como se descreve a si próprio? Nasceu como macho biológico? Como se identifica?

AD: Eu sou não-binário, o que significa que não me identifico como homem ou como mulher e uso pronomes “they”.

PM: OK, e a sua esposa ou companheira? É esposa? Como descreve a sua “metade”?

AD: Bom, todos os adultos da família se identificam como transgénero ou não-binário.

PM: Certo. É casado com um ou com ambos os adultos?

AD: Legalmente, casado com um e numa relação com o outro.

PM: É casado com …? Como se chama?

AD: Brenn.

PM: Sim. Brenn identifica-se como?

AD: Como mulher.

PM: Nasceu mulher e continua identificada como mulher?

AD: Sim, é mulher.

PM: Quem é o terceiro elemento?

AD: A minha parceira Luna, que também usa pronomes “they/them”.

PM: Luna é macho ou fêmea ou não-binário?

AD: Não-binário.

PM: Não é então casado com Luna?

AD: Não.

PM: OK, tẽm então duas crianças em casa.

AD: Sim.

PM: Para clarificar, não sabemos se Sparrow nasceu macho ou fêmea, porque não nos disse. Sparrow é agora não-binário?

AD: Não, eu diria que Sparrow é “ante-género”, que é um termo que significa “antes do género”. Sabe, nesta idade as crianças não são capazes de compreender o género. Não significa que a criança seja não-binária, mas que não tem ainda qualquer género.

PM: Deixe-me tentar entender.

AD: Obviamente que tem anatomia.

PM: Então que anatomia tem Sparrow?

AD: Bom, isso é algo que não discutimos normalmente a não ser que seja necessário, como com um médico ou um cuidador.

SR: Gostava de intervir neste ponto, porque penso que muitas pessoas acham isto muito confuso. Isso sucede porque as pessoas pensam que, se se nasce com uma anatomia biológica, isso indica que se é homem ou mulher e, portanto, temos esse facto como a identidade de género. Pode explicar porque motivo acha que não é útil que a anatomia deva ditar a identidade de género? Eu penso que é a grande questão a que a sua situação está a querer conduzir, não? Quando se nasce com certos genitais, a sociedade decide como nos devemos comportar. Parece que é contra isso que se insurge, não?

AD: Sim, é uma boa questão e uma boa clarificação. É verdade que quem nasce com uma certa anatomia identifica-se com o género correspondente. Contudo, isso nega totalmente o facto de que existem legitimamente milhares de pessoas em todo o mundo para quem não é esse o caso.

SR: Considerando esse ponto de vista, você não é necessariamente imposto pela sociedade. Quero dizer que, se tem uma menina, que é uma menina biologicamente, ela pode decidir e continuar a ser “ela”.

PM: Susanna, não pode chamar Sparrow de “ela”.

SR: Eu sei, vamos então falar de outra menina.

PM: Não sabemos se Sparrow é “ele” ou “ela”.

SR: É verdade. Vamos então pensar numa menina cujos pais a consideram “ela”. Ela não precisa necessariamente de brincar com bonecas ou ter lições de culinária.

AD: Expressão de género é totalmente diferente de identidade de género. Alguém pode identificar-se como rapaz e gostar de qualquer cor, brinquedos, desportos, dança, rosa, azul, etc. É o mesmo que sucede com a identificação como menina ou não-binário. Os interesses das pessoas, ou os seus hobbies ou preferências não determinam o seu género.

PM: Quando é que Hazel decidiu que não mais seria uma menina?

AD: Hazel decidiu que o seu género era não-binário quando tinha 4 anos de idade. Anteriormente havia explorado um género, experimentando diferentes pronomes e nomes, mas preferiu usar os pronomes “they/them” e o nome Hazel.

PM: Com o devido respeito, eu tenho uma filha de 7 anos de idade. Quando ela tinha 4 anos, a sua decisão principal em cada dia era se assistia à “Porquinha Peppa” ou à “Frozen” na TV. Ela não tinha qualquer ideia sobre identidade de género ou ser não-binário ou coisa semelhante. Estou seguro de que não foi ideia de Hazel, pois não? Antes foi ideia sua a decisão de Hazel lidar com questões de género. Persuadiu-a de que não deveria continuar a ser menina.

AD: Pessoalmente, não concordo com a sua afirmação, mas percebo como tal conclusão pode ser atingida. Eu penso que cada ambiente familiar é único. Imaginemos que uma criança se torna pianista de concerto numa idade precoce como 6 anos, tocando Beethoven. Isso poderá suceder porque o seu pai é pianista, havia um piano em casa e houve uma experimentação musical precoce. Hazel tem uma educação única porque está numa família LGBT, encontrando pessoas com diferentes expressões de género e podendo explorar e descobrir o seu próprio género de forma segura.

PM: Não será porventura incrivelmente cansativo todo este esforço? Não tenho nenhum problema em você viver a sua vida como quer. Sinceramente não tenho problema. Você é um adulto maduro, quer chamar-se como “they” e considerar-se não-binário. Tenho todo o respeito pelos seus direitos, sinceramente, em fazer o que quiser. A minha preocupação é sobre o que está a acontecer às crianças na sua casa e como tudo resulta de decisões dos adultos da casa e não das crianças. E quanto a Sparrow — nem sequer sabemos se Sparrow é menino ou menina e você diz que se referem a Sparrow por “they”? Como é que Hazel chama Sparrow?

AD: “their” bebé irmão/ã.

PM: Então Hazel diz literalmente “bom dia, bebé irmão/ã”?

AD: Normalmente, chama pelo nome: “bom dia Sparrow”, mas quando alguém pergunta quem é o bebé, Hazel responde “meu bebé irmão/ã”.

PM: Hazel refere-se a Sparrow como “they”?

AD: Sim.

PM: Então Hazel diz: “they, posso brincar contigo?”

AD: Não é assim quando está a falar com Sparrow. Usaria “you” (tu) e não “they”.

PM: Mas, se eu estiver presente e quiser uma bolacha e perguntar a Hazel “posso pegar uma bolacha?” e ela disser “sim, vou pedir a ‘they’”.

AD: Nesse caso, Hazel diria “vou perguntar a ‘them’ se quer dar”.

PM: Digo isto porque “they/them” são pronomes plurais e sempre tive dificuldade com isto. Não percebo porquê, neste mundo não-binário, você usa o plural para descrever uma entidade singular. Eu sou um purista gramatical e tento perceber o porquê de fazer isto.

AD: Bom, na verdade “they” tem um histórico de ser usado como pronome singular, tanto como plural. Há vários séculos, pessoas usavam o plural como singular, mas admito que esses pronomes são sobretudo plurais. Nós estamos apenas agindo dentro dos limites dos pronomes disponíveis em inglês. Há quem use pronomes inventados mas por vezes pode ser difícil lidar com esses pronomes.

SR: Confesso que é complicado para mim compreender esta questão e estou a fazer todo o esforço possível para ser sensível e compreensiva. Acho que muitas pessoas consideram difícil de entender quando se trata de crianças porque, se pensarmos p.ex. numa criança de 4 anos, é difícil para ela tentar expressar isso a outros adultos que não compreendem a sua configuração familiar. Como é que uma criança pequena explica a sua realidade a outras crianças com quem poderá compartilhar p. ex. a creche?

AD: É uma boa questão. Hazel é muito confiante e comunicativa e gosta de advogar pela visibilidade da sua família. Gosta de interagir com os colegas e adultos em conversas. Obviamente, nunca a forcei a se destacar e sempre lhe disse que poderia desligar-se se não quisesse explicar a sua realidade. Para Hazel, é muito simples dizer que não sabe o género de Sparrow, pois Sparrow é que decidirá mais tarde. Neste momento, usamos apenas pronomes plurais.

PM: O que acontece se Sparrow … que idade tem Sparrow, tem 4 anos?

AD: Sparrow tem 1 ano de idade.

PM: Peço desculpa, então Hazel tem 4 anos e Sparrow tem 1 ano.

AD: Hazel tem 8 anos e é não-binário desde os 4 anos.

PM: OK, então Hazel mudou o seu género aos 4 anos e agora tem 8. Sparrow tem 1 ano.

AD: Sim.

PM: O que acontece se Hazel decidir amanhã que gostaria de ser agora menino ou menina?

AD: Eu apoiaria a decisão de Hazel, pois é totalmente livre de continuar a explorar o seu género e como este se desenvolve. Afinal, o género não é estático para algumas pessoas. Hazel quer neste momento usar pronomes plurais.

PM: Imaginemos quando Sparrow chegar aos 3 ou mesmo 2 anos de idade, quando começa a pronunciar as primeiras palavras. Sparrow diz que quer ser não-binário, menino ou menina. Vai ter considerar tudo o que uma criança tão pequena diz? Afinal fê-lo com uma criança de 4 anos que insistiu em mudar de género. Aceita o mesmo para uma criança de 2 anos?

AD: Eu aceitaria que esta criança estaria a explorar ainda, pois nessa idade não me pareça definitivo.

PM: Ari, a criança tem 2 anos! Desculpe eu continuar a parecer o aborrecido “velho do Restelo”. Uma criança de 2 anos não faz a mínima ideia a respeito de tudo isto. O facto de você como pai sequer considerar possível uma criança de 2 anos ter qualquer capacidade de formar uma perceção séria sobre o seu género… Sinceramente tenho de lhe dizer que é totalmente ridículo e danoso para essa criança.

AD: Bom, nesse caso, se (como você diz) a criança de 2 anos não tem capacidade séria de conceptualizar o género, não acha tóxico ou bizarro que lhe seja imposto “és um rapaz” por causa da anatomia. Se a criança não tem capacidade séria de conceptualizar o que é ser rapaz, não fará mais sentido eu não lhe impor que género deva ter? Eu não enfatizo constantemente o seu género. Deixo-a ser quem ela quer ser, uma simples criança.

PM: Você impõe uma estrutura. Que estrutura mais clara existe do que você dizer à criança “este é o teu nome; quando fores adulto, podes escolher outro nome como parte da tua capacidade e responsabilidade de decidir”. Ser pai também é tomar decisões pela criança até ela ter maturidade para decidir por si mesma.

AD: Parece-me que você está a expressar o que designamos de “childism”, que é assumir que alguém tem de ser legalmente adulto para ter a capacidade de se conhecer a si mesmo. Eu acho que uma criança pode explorar a sua identidade.

PM: Eu já escutei todos os “ismos” imagináveis. Já fui acusado de todos os “ismos” e estou lidando com dificuldade neste mundo de “ismos”. O que é “childism”?

SR: Estás contra crianças tomarem as suas próprias decisões!

AD: Eu acredito que “childism” é a normalização de maus tratos a crianças só por serem crianças, por exemplo assumindo que não podem ter ideias ou opiniões. É claro que precisam de orientação e estrutura, mas “childism” é maltratá-las ou tratando-as como um bem nosso ou negar-lhes a sua identidade e autonomia.

PM: Então, atribuir um género à criança por causa da sua anatomia, considerando que é rapaz ou rapariga, e dar-lhe um nome, considera como “childism” na sua perspetiva?

AD: Não por dar, mas por forçar o seu uso sem ter conta a vontade da criança.

PM: Então e se uma criança de 3 anos de idade decidir que não é mais um rapaz e não quer ser chamada “Bob” mas “Doris” p.ex.? Se a criança assim decide e eu não aceito e digo-lhe que o seu nome é Bob, não Doris, e que é rapaz, não rapariga, sou então culpado de “childism”?

SR: Potencialmente, sim.

Pais, ACORDEM! É isto que está a ser incutido aos vossos filhos, todos os dias, na escola, nas séries, nos desenhos animados e até no próximo lançamento da Marvel, com um super-herói transgénero, e, diz a Marvel, vêm aí mais filmes com personagens “LGBTI”, o primeiro já no final deste ano. [1]

Resultado de imagem para criar filhos sem género

Eis o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=S1pW6r9kjiw&fbclid=IwAR2BtelJhOkrVzpZ-_DdmdMZwD2zQ03eNrkhQS51pmww_tU465fItDQFw6c
[1] https://observador.pt/2020/01/02/primeiro-filme-da-marvel-com-super-heroi-transgenero-chegara-muito-em-breve/?fbclid=IwAR0T9y1TU7LqadnYZYv3RBXvoa9ZCzhruS44A1aMBuXMZvYbGQ-FMXOUIjo

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