Uma das ferramentas mais úteis na busca pelo poder é o sistema educacional.
A importância da citação acima é evidente: quem quer que controle o sistema educacional definirá os objectivos da nação, definirá e estabelecerá os seus valores morais, e por fim regerá o futuro de todas as áreas da vida. As crianças e a cosmovisão que elas abraçarem são o futuro. Pode-se aprender muito com o estudo dos registos históricos dos regimes políticos que tiveram como objectivo extinguir qualquer fagulha da cosmovisão cristã.
O Terceiro Reich
As atrocidades de Adolf Hitler são bem conhecidas por causa do seu carácter odioso e da extensa documentação existente. Por causa disso, atrocidades de natureza filosófica ou decorrentes de uma cosmovisão têm pouca visibilidade quando comparadas às imagens violentas que moldaram a nossa compreensão do nazismo. O nazismo destruía o corpo, a mente e a alma. Ao capturar os jovens mediante a educação, Adolf Hitler acreditava poder realizar os seus sonhos do Estado nazi. Em Mein Campf, Hitler reforçou a “importância de ganhar e depois treinar os jovens no serviço ‘de um novo Estado nacional'”. [1] As suas palavras e acções subsequentes foram o prelúdio para compreender no que o mundo se teria tornado caso ele tivesse sido bem-sucedido. William L. Shirer, testemunha ocular da ascensão nazi, oferece uma perspectiva objectiva, embora arrepiante, do que aguardava a Europa e possivelmente o mundo:
“Quando um oponente declara: ‘não passarei para o seu lado’, disse Hitler no discurso de 6 de Novembro de 1933, “calmamente respondo: ‘o seu filho já nos pertence… E você? Você passará. Os seus descendentes, entretanto, agora estão no novo campo. Em pouco tempo eles não conhecerão nada além da nova comunidade”. E no dia 1 de Maio de 1937, ele declarou: “Este novo Reich não entregará a juventude a ninguém, mas toma-la-à para si mesmo e dar-lhe-à a sua própria educação e o seu próprio crescimento”. [2]
O Estado educador
O controle educacional foi tirado dos apis e das autoridades locais e “todas as pessoas na profissão do ensino. do jardim-escola às universidades, foram coagidas a afiliar-se à Liga Nacional-Socialista dos Professores que, por lei, foi responsável pela execução da coordenação ideológica e política de todos os professores de acordo com a doutrina nacional-socialista”. [3] O Estado deveria ser apoiado “sem reservas” e os professores fizeram juramento de “lealdade e obediência a Adolf Hitler”. [4]
A voz de um deus
A nação berço da Reforma e que tornou a Bíblia o centro de tudo o que era certo e bom agora fazia aliança com um novo salvador e jurava obedecer-lhe cegamente. “Heil Hitler” tornou-se a declaração pública de que a voz de Hitler, como a de Herodes quase 2 mil anos antes dele, era percebida como “a voz de um deus, e não de um homem” (At 12:22).
O nazismo é uma ideologia abrangente que não conhece fronteiras ou excepções. O objectivo de Hitler era recriar o clima social, cultural, político, educacional e moral dos seus dias à imagem da cosmovisão nazi.
“Na Alemanha havia a verdade nazi, a verdade social nazi, a verdade política nazi, a verdade económica nazi, a verdade social nazi, a verdade religiosa nazi, às quais todas as instituições tinham de se submeter ou seriam banidas”. [5]
Todas as cosmovisões contrárias foram expurgadas do currículo educacional do Estado. Neutralidade nunca foi a opção de Hitler. De facto, a neutralidade nem sequer é possível. Não tomar partido significa aquiescer ao oponente. Como explicou Randy Thomasson:
“Isto deve-se ao facto de que as faculdades e igrejas cristãs ignoraram o processo político por um longo tempo. Agora, o processo político, carente de valores religiosos, voltou-se para atacar a igreja.”
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[1] William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich (New York: Simon and Shuster, 1960), p. 248-9.
[2] Shirer, Rise and Fall of the Third Reich, p. 249.
[3] Ibid., p. 249.
[4] Ibid., p. 249.
[5] C. Gregg Singer, From Rationalism to Irrationality: The Decline of the Western Mind from the Renaissance to the Present. Phiplpsburg, NJ: Presbiteryan and Remormed, 1979, p. 28.