FOMOS RECEBIDOS NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Na sequência do e-mail (que partilhamos abaixo) enviado pela AFC e por outras associações, movimentos e cidadãos, para todos os grupos parlamentares, recebemos esta resposta do Gabinete do Ex.mo Sr. Presidente da Assembleia da República: «Encarrega-me o Chefe de Gabinete do Senhor Presidente da Assembleia da República, Senhor General Rui Clero, de acusar a receção da missiva de V. Exas., sobre o assunto em epígrafe, a qual mereceu a nossa melhor atenção e informar que a mesma foi encaminhada, para conhecimento, aos Grupos Parlamentares e à Deputada Única Representante de Partido.»

De todos os que receberam o nosso e-mail e o encaminhamento do mesmo por parte do Gabinete do Presidente da Assembleia da República, só o CHEGA respondeu a convidar-nos para uma audiência.

Em resposta a esse convite, que aceitámos, fomos à Assembleia da República no dia 3 de Novembro de 2024 e apresentámos aos Srs. Deputados as preocupações que ali nos levaram.

«Exmos. Senhores Deputados,

O relatório PISA (2023) revela quebras no desempenho dos alunos e, no último ano, a violência nas escolas aumentou 9%. Mas, o poder político só parece estar empenhado em expropriar os pais da educação dos seus filhos e a isso, certamente, não é alheio o objectivo de erotizar, sexualizar e confundir as crianças desde a mais tenra idade. Nesse sentido, sucessivos governos (do PS e restante esquerda) têm vindo a arrogar para si o direito de usar a Escola para reeducar os alunos, através de guias, guiões e manuais de instruções, carregados de viés ideológico e construídos de forma centralizada, definindo unilateralmente o modelo único e obrigatório de educação para a sexualidade. Ora, a sexualidade dos filhos dos cidadãos é algo profundamente relacionado com o conjunto de valores que cada família pratica e ensina, deve ser feito em liberdade, e não desconstruído em sala de aula, sob a batuta do Ministério da Educação.

As escolhas, quanto à educação sexual dos alunos, devem, em primeira instância, passar pelo crivo familiar e isso deve ser feito com sensibilidade e respeito pelas questões de consciência e pela autonomia dos pais. Crianças, adolescentes e jovens, não podem continuar a ser sequestrados por uma ideologia radical, que se opõe à visão integral da pessoa e da sexualidade humana na qual o corpo é parte integrante da pessoa e não um objecto manipulável pela cultura ou pelas ideologias.  A imposição e a promoção da ideologia de género, na Escola, são reais e os resultados começam a ser visíveis:

  • Há cada vez mais crianças confusas quanto à sua identidade sexual. Muitas delas encontram-se no espectro do autismo e outras sofrem do transtorno de personalidade borderline;
  • Há cada vez mais menores a mudar de nome e de sexo no cartão de cidadão (efeito contágio);
  • Há cada vez mais menores dependentes de pornografia na internet;
  • Não pára de aumentar o número de adolescentes com sintomas depressivos, que tomam anti-depressivos;
  • Os casos de abuso sexual de menores aumentaram;
  •  As doenças mentais estão a aumentar;

Sabemos que a identidade sexual é um tema complexo. «Na sua formação», de acordo com o psiquiatra Dr. Pedro Afonso, «estão envolvidos factores biológicos, psicológicos e sociais. A educação, na escola e na família, deve ser feita no sentido de promover uma sincronia entre o sexo biológico e o género percepcionado. O Estado não deve promover, com base numa ideologia sem base científica, a desconstrução da identidade dos papéis masculinos/femininos em crianças, e adolescentes, sabendo nós que esta pode ser uma fonte de psicopatologia e de doenças psiquiátricas.»

A imposição do conceito de uma suposta “identidade de género” a ser construída na escola (e nas redes sociais) é uma investida ideológica perversa, pois as suas maiores vítimas são as crianças. Por isso, exigimos a vossa intervenção.  As vidas dos nossos filhos e netos são demasiado importantes para permitirmos que se tornem cobaias deste fenómeno de engenharia social. A Escola não pode continuar a ser usada para as formatar na denominada «cultura lgbt+» desde a mais tenra idade.

«Portugal não pode continuar a ter «o ensino público, e a “cultura” pública ou subsidiada, controlados pela esquerda (e alguma dita direita) activista, que reduz universidades, escolas, e teatros a puros instrumentos ao serviço dos extremismos.»[1]

«O papel da escola NÃO É retirar as crianças à família para as fazer crescer em comunidade».[2]

Isso, é o que fazem governos totalitários de má memória. 

As nossas crianças passam cada vez menos tempo com os pais e o único incentivo do Estado é alargar horários e oferecer creches grátis, promovendo assim o afastamento precoce da família e a violação dos direitos das crianças?

Uma última agravante, e respectiva ao próprio interesse público, é a vulnerabilidade legal e financeira que a promoção da ideologia de género e que as políticas desagregadoras da família tradicional, acarretarão para o próprio sector Estado. Os países na dianteira das políticas referidas, como os EUA ou o RU, incorreram, a prazo, enormes custos legais e financeiros por terem incentivado e sido coniventes com políticas sem base científica. Estas consequências incluíram mesmo processos jurídicos embaraçosos, para além de enfrentarem custos em cuidados de saúde remediadores das consequências nefastas da política prévia de cedência aos caprichos ideológicos de forças políticas extremistas e anuência perante a pressão especuladora imediatista de conglomerados farmacêuticos. A reputação do Estado bem como a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde são postos em risco pela negligência política.

Assim, e em razão do poder funcional de que foram investidos, todos os governantes e demais autoridades, devem considerar que têm como principal missão procurar e promover a verdade sobre a família, a vida e a dignidade da pessoa que resulta da Natureza, e não impor, pela força de leis redigidas e aprovadas por maiorias parlamentares, a “sua verdade estatal”.

Assinaturas:
Cidadãos de Portugal
Associação Família Conservadora
Plataforma Renovar
Instituto Trezeno
Associação Conservadores com Norte
Instituto Veritas Liberat

Na expectativa da vossa resposta,
Atenciosamente, 
Maria Helena Costa»