Transactivismo: Vidas arruinadas

Vidas arruinadas. Corpos mutilados. Relatos difíceis de ler, imagens chocantes e dolorosas. Ao ler, ver e ouvir os testemunhos desses rapazes e raparigas que se submeteram a uma transição de género antes de se arrependerem e voltarem atrás, sou assaltada por várias perguntas: Como é que isto foi possível? Como é que uma ideologia tão perversa, que leva à mutilação de partes saudáveis do corpo de miúdos, que ainda não têm o córtex pré-frontal [região do cérebro responsável pelas funções executivas, como a tomada de decisões de longo prazo, planeamento, controle de impulsos e regulação emocional] plenamente desenvolvido, pode sequer existir? Como é que os governos legislaram no sentido de criminalizar pais e médicos que não afirmem imediatamente a autodeterminação de género de crianças, que mais tarde se podem arrepender amargamente? Que forças são essas, que, no Ocidente, levam tantos miúdos a orientar a sua vida numa direcção tão enganadora, perigosa e castradora?

Sentir mal-estar com o próprio corpo na adolescência é algo que sempre aconteceu e que, maior parte das vezes, requer ouvidos atentos, atenção e cuidado, atitude de bom-senso que a tempestade “trans” veio varrer. 

Agora, basta uma simples consulta com um psiquiatra “afirmativo de género” para, em dez minutos, ter um filho diagnosticado com “disforia de género” e ser confrontado com a pergunta: “prefere um filho morto, ou uma filha viva?» E, claro, qual é o pai ou a mãe que quer ser responsável pela morte do seu filho? O que se segue é rapidíssimo e apanha toda a gente de surpresa, a começar pelos próprios pais. A rede de transactivistas (desculpe, de profissionais de saúde) está formada e o protocolo está definido: transição social (mudança de nome e de sexo no registo civil), bloqueadores da puberdade, injeções de hormonas de sexo cruzado (testosterona para as raparigas, estrogénio para os rapazes) e, finalmente, as cirurgias.

Co-autora de Transmania, um livro dedicado aos excessos da ideologia transgénero, Marguerite Stern não se surpreende com a facilidade com que algumas crianças frágeis são envolvidas nessa loucura plena de riscos. Segundo ela:

«Tudo o leva a fazer a transição. É muito incentivado socialmente, especialmente em redes como o TikTok e/ou o Instagram, que estão repletas de conteúdos muito positivos sobre o assunto.»

Com os pais separados e/ou super-ocupados (não sempre, mas na maior parte dos casos), educado por terceiros, insatisfeito consigo mesmo, obcecado por si mesmo, o adolescente descobre uma comunidade que o afirma, acolhe, apoia, incentiva, e valoriza a sua vontade e a sua autodeterminação.

«Estamos muito próximos do recrutamento, da influência sectária», continua Marguerite Stern. «A razão já não tem muito impacto sobre essas pessoas.»

O efeito contágio é uma onda que vem de longe e que, por meio de coerção estatal (que legisla no sentido de criminalizar todo aquele que se atreva a contrariar os sentimentos e a vontade das crianças), tem tido um impacto tremendo sobre a sociedade como um todo. Afinal, «se uma pessoa declara que quer mudar de corpo, como é que nos podemos opor a isso?», questiona Jamie Reed, ex-assistente social numa clínica de género.

De facto, como é que nos podemos opor a uma ditadura do sentimento que reina em toda a parte? Especialmente, se esse sentimento, esse «eu profundo», leva a pessoa a ir contra o que é normal, contra a natureza e contra todas as evidências?

Um rapaz que se sente rapariga foi transformado num combatente pela liberdade. Se, uma vez “tornado” rapariga, ele começar a pensar que, afinal, era melhor ser rapaz e afirmar isso publicamente, reconhecendo que cometeu um erro, torna-se um traidor da causa trans, apoiante de Trump ou, em Portugal, da extrema-direita.

Aude Mirkovic, professora universitária de direito privado e presidente da Juristes pour l’enfance, acredita que a forma de tratar todos os que não dobram os joelhos à ideologia de género como fascistas, nazis, d’extrema-direita, transfóbicos, etc.,  está a atingir todos os limites.

As invectivas [expressões violentas e injuriosas, sinónimos de insultos, ofensas, ataques verbais ou críticas severas dirigidas contra alguém] estão a esgotar-se e as propostas alternativas são cada vez mais audíveis.

Além da multiplicação de testemunhos, por vezes chocantes, de alguns corajosos «detransicionadores», há países onde já se observa uma evolução da legislação num sentido menos permissivo — nomeadamente na Grã-Bretanha, nos países nórdicos e nos Estados Unidos, onde Donald Trump anunciou que apenas os sexos masculino e feminino constarão nos documentos oficiais.

Por cá, infelizmente e como sempre, durante os sucessivos governos socialistas, avançou-se rapidamente para a implementação/imposição da ideologia de género (lei 38/2018), impôs-se a ideologia de género à Escola (Referencial de Educação para a Saúde, Cadernos PRESSE, etc.), e aprovou-se uma lei perversa que pune severamente todo aquele que se atreva a contrariar as crianças que se auto-determinem do outro sexo (lei 15/2024), mas, ao contrário dos países onde o cancro ideológico já se revelou como realmente é, estamos atrasados e continuamos a disseminar a mentira que conduz à mutilação de crianças e as transforma em eunucos.

O actual executivo (PSD) garantiu que ia retirar as amarras ideológicas do ensino e, de facto, o manual “O direito a ser nas escolas”, lançado em 2023, que pretendia aplicar o artigo 12º da lei 38/2018, que fora considerado inconstitucional pelo Tribunal Constitucional, em 2021, foi retirado do site do Ministério da Educação antes do início do ano lectivo 2025/26.

MAS… A 18 de Setembro de 2025, foi lançada a edição revista do «Guião de Boas Práticas para a Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens LGBTI+ ». Este guião foi elaborado pela Casa Qui – que encaminha crianças para hormonas de sexo cruzado pela módica quantia de 20€ – em parceria com a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens, com o apoio da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, no âmbito do programa de Apoio Técnico e Financeiro LGBTI+.

Quando pegamos neste manual, à medida que o vamos lendo, percebemos que o guia “O direito a ser nas escolas” está de volta e verificamos que as «amarras ideológicas» doentias e a cedência à agenda do arco-íris permanecem.

Relativamente à Família, por exemplo, a não aceitação, por parte dos pais ou de outros membros da família, da autodeterminação de crianças e jovens – nomeadamente no que diz respeito à sua orientação sexual (ser lésbica, gay, bissexual, pansexual, etc.) e à sua identidade de género (ser trans ou não-binária) – é considerada uma forma de violência familiar.

Esta aberração é apoiada pela entidade que deveria proteger as crianças, a CNPDPCJ cuja missão é prevenir ou pôr termo a situações que possam afectar a segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral de crianças e jovens. A CNPDPCJ tornou-se assim um braço armado do transactivismo. As crianças estão em risco. Os pais podem ser acusados de exercer “violência familiar” sobre os filhos e de os perder, por não os afirmarem transgénero imediatamente.

Resumindo: o ataque à família e às crianças continua, devido às amarras ideológicas a que os sucessivos governos, mais rosa ou mais laranja, amarraram o ensino público e todas as instituições sob sua alçada.

É hora dos pais!