Sobre a teoria queer

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Este artigo não é contra pessoas que sofrem de disforia de género, mas sim contra a teoria queer, que arrasta crianças, adolescentes e jovens para uma transição (“mudança de sexo”) que, na maior parte dos casos, não vai solucionar os seus problemas e cujos danos podem ser irreversíveis. 

O que é a teoria queer?

A palavra queer é de origem inglesa, apareceu no século XVII e emergiu como um insulto para referir aqueles que corrompiam a ordem social: o bêbado, o mentiroso e o ladrão. Mas, a palavra rapidamente passou a ser usada para referir aqueles que não se encaixavam na caracterização de mulheres ou homens. Como diz a filósofa queer Beatriz Preciado: eram queer os invertidos, o bicha e a lésbica, o travesti, o feitichista, o sadomasoquista e os zoófilos. O insulto “queer” não tinha um conteúdo específico: pretendia reunir tudo o que era abjecto.”

Antes de falar sobre a teoria, é preciso deixar bem claro que a disforia de género é uma sensação permanente de mal-estar a respeito da realidade sexual da pessoa cuja solução oficial é fazer a transição para outro sexo (mudar as características físicas secundárias).

Ainda assim, há especialistas que alertam para o facto de que, geralmente, os problemas das pessoas que se declaram trans poderem ser outros, e não se poder descartar que há pessoas que se declaram trans por conveniência

A explicação da teoria queer, que defende que há pessoas que nascem no corpo errado, é uma explicação resultante de más práticas de psicologia, individualista e irracional, muito própria da sociedade actual onde as emoções e o subjectivismo foram elevados à categoria de verdade para todas as coisas. Isso não ajuda as pessoas que estão a sofrer.

A teoria queer incute nas mentes mais frágeis que os estereótipos de género são impostos ao indivíduo por uma sociedade patriarcal e machista e afirma que é o sexo que depende do género, que o sexo é subordinado ao género. Por ex.: Se nasceste menina, mas gostas de jogar à bola, de vestir roupas mais masculinas e de estar no meio dos rapazes, deves lutar para que o teu sexo combine com o teu género.

Esta, sim, embora pretenda ser o cúmulo do progressismo, é uma postura retrógrada que vai buscar os estereótipos mais antigos e obsoletos levando-os a extremos que estão a provocar inúmeros danos a uma geração de crianças e adolescentes que se viram envolvidos nesta retórica narcisista e surpreendente, que ignora que o transtorno da sexualidade [disforia de género] é um problema de baixa prevalência que se manifesta desde muito cedo.

No entanto, e após a introdução da ideologia de género nas escolas e a sua generalização nas redes sociais, colectivos LGBTQIAP+ alegam que percentagens bastante altas de adolescentes, fundamentalmente meninas, estão a descobrir que são realmente meninos pelo simples motivo de não se encaixarem naquilo que o “estereótipo machista” espera delas.

Sabendo que a adolescência é um período bastante turbulento da vida, José Errasti, Professor de Psicologia da Universidade de Oviedo, diz:

Não é de forma alguma surpreendente que uma percentagem tão grande de meninas se sinta desconfortável com o que se espera delas, de acordo com os estereótipos machistas que prevalecem nas redes sociais ou na pornografia. Há uma tentativa de transmitir algo como isto: se não te conformas com esses estereótipos machistas, és um menino e não sabes disso.

O discurso da teoria queer, que está a ser imposto a crianças e adolescentes, incentiva-os a fazer a transição. Além disso, os activistas exigem a “abordagem afirmativa” como única possibilidade de “tratar” a disforia de género. Sobre isso, Marino Pérez Álvarez, Professor de Psicologia Clínica da Universidade de Oviedo, afirmou:

Se não fossem as consequências que tem na infância e na adolescência, certamente estaríamos a falar de um problema académico, mas isso saltou para o cotidiano e para a infância.

O professor dá um exemplo prático:

De repente uma menina sente que é um menino, diz aos pais e eles ficam perplexos e desconcertados porque nunca se tinham apercebido, nunca houvera nenhuma indicação de que ela tinha problemas desse tipo. Se os pais tentam entender […] descobrem que a sua filha já tem uma narrativa bem estabelecida de como lhes responder (diz-lhes que se não a apoiarem, são maus pais, que se não a apoiarem, provavelmente cometerá suicídio, etc.). Então os pais vão ao ‘Dr. Google’ e encontram discursos parecidos com esses. Além disso, se forem a um clínico, pediatra ou psicólogo, descobrirão que também eles têm uma perspectiva oficial, e não científica, sobre como tratar e entender esses desconfortos. E a maneira oficial de os entender é a abordagem afirmativa.

Dessa forma, os problemas iniciais, levantados pela pessoa que deseja fazer a transição, podem não ser resolvidos com a mudança e podem até surgir outros em decorrência. Tudo fruto de um erro de diagnóstico como resultado da abordagem afirmativa, que impede os clínicos de fazerem o seu trabalho de exploração e análise para ver qual é a melhor opção. É quando surge o fenómeno do arrependido, de pessoas que querem reverter o processo e voltar a ser quem eram, mas de facto já existem danos irreversíveis.

Professores como “polícias de género”

As escolas estão cheias de activistas a darem palestras a crianças muito pequenas nas quais lhes dizem que podem “libertar-se do sexo que lhes foi atribuído à nascença” e escolher o sexo que quiserem.

Ora, o sexo não é atribuído à nascença. É observado. E tudo o pode mudar é exterior, pois o ADN permanece inalterável.

No Despacho 7249/2019, Art. 2º Alínea b) fala-se em “Mecanismos de detecção”. Tipo: olheiros a actuar como polícias do género. É exigido aos professores que detectem se algum aluno se comporta de forma incongruente com seu sexo e a agirem no sentido de o encaminhar para psicólogos afirmativos e associações LGBTQIAP+ a fim de descobrir qual é a sua identidade sexual [de género].

Qual é o papel dos pais?

Com a teoria queer plenamente instalada nas instituições, o que podem fazer os pais que não confiam na abordagem afirmativa?

Se Portugal proibir aquilo que os activistas denominaram como “terapias de conversão”, nada, a não ser aceitar tudo passivamente para não perder a guarda dos filhos.

É urgente que os pais despertem para isto e denunciem as decisões das escolas, dos activistas e dos clínicos à justiça. A Associação Família Conservadora e a SAL são associações que podem ajudá-los.

Mas, é preciso ter muito cuidado. É preciso perceber se a criança sofre mesmo de disforia de género, ou se está a ser influenciada por aquilo que a rodeia. As crianças, independentemente das suas dificuldades, precisam sentir-se protegidas e amadas pelos seus pais.

A cultura do cancelamento

Infelizmente, a maior parte dos psicólogos e psiquiatras teme as consequências de se posicionar contra a teoria queer e o lóbi LGBTQIAP+. Não é por acaso que o activismo lGBT incluiu os trans numa sigla que não pára de acrescentar letras. Ajudar crianças confusas a identificarem-se com o seu sexo de nascimento não é ser contra pessoas trans, mas sim prevenir arrependimentos futuros e suicídios. Calarem-se, por medo de serem rotulados de transfóbicos, é negar o direito das crianças a serem devidamente seguidas e tratadas”.

Nos últimos meses, grupos e estabelecimentos médicos em vários países pediram para colocar um travão nas intervenções hormonais e cirúrgicas em crianças, adolescentes e jovens.

No dia 22 de Fevereiro, […] o Conselho de Saúde e Bem-Estar da Suécia divulgou as tão esperadas directrizes para o cuidado de crianças com disforia de género que restringem o uso de tratamentos hormonais e aconselham apoio psicológico e psiquiátrico, como primeiras linhas de tratamento. O conselho disse que não consegue explicar um aumento de 1.500% nos diagnósticos de disforia de género entre meninas de 13 a 17 anos entre 2008 e 2018.

O maior centro de identidade de género da Suécia, o Hospital Universitário Karolinska, em Estocolmo, anunciou no ano passado que não prescreveria mais bloqueadores da puberdade e hormonas sexuais cruzadas a menores.

A teoria queer e o feminismo

A teoria queer destrói muitas das conquistas que o feminismo reivindica como suas. Longe de desconstruir os estereótipos de género, a teoria queer eleva-os acima da natureza e da biologia.

Eu, que sempre fui uma Maria rapaz, teria imensas probabilidades de ser confundida e engolida pela teoria da moda. Valeu-me o facto de, no meu tempo de criança, não ter estas ideologias no sistema de ensino.

Quando quem nos governa não sabe o que é um homem e uma mulher… Tudo está em causa. Uma sociedade queer não tem futuro.