O ser humano e a sua relação com o conhecimento. Existem aqueles que compreendem que sabem pouco, mesmo que saibam mais que a maioria, e há aqueles que quase nada sabem, mas pensam conhecer tudo.
Sócrates reconhecia que quanto mais sabia, mais sabia que nada sabia. Quanto maior o conhecimento, maior deve ser a humildade de perceber que existem coisas que estão além da compreensão humana.
A relativização da verdade parece um ato de humildade, porém, nada mais é do que um ato de enorme soberba. Quando o indivíduo determina que tudo é relativo, compreende em si mesmo a ideia de que possui enorme conhecimento, e que, é capaz de definir que não há verdade absoluta.
Por outro lado, quem realmente compreende a complexidade da vida e das leis da natureza consegue concluir que cravar toda verdade como relativa é tão somente um ato de ignorância.
Em uma capacidade limitada de compreensão, o ser humano insiste em se apoiar nas próprias teorias que justificam até certo ponto aquilo que não existe explicação humana razoável.
De maneira inocente ou ainda maldosa, insiste em alterar significados e encaixar as próprias convicções em uma ciência não comprovada.
Deixa assim grupos divididos entre crentes céticos e céticos crentes. Onde o primeiro grupo é formado por aqueles que acreditam em algo maior e duvidam da ciência humana, ainda primitiva, e o outro por aqueles que duvidam da verdade da criação, mas acreditam em estudos que sequer cumprem requisitos científicos humanos.
É necessário um maior desprendimento para acreditar em tudo que ouve, é necessário maior fé para duvidar, e ainda menor visão para pensar que tudo pode ver e saber.
Aquele que reconhece a própria ignorância é capaz de aceitar a dolorosa verdade de que o ser humano ainda não sabe tudo, e a mesma ciência que projeta estudos e relaciona possíveis causas, ignora ainda muitas que sequer conhece.
A ciência muda o tempo todo, e ainda bem que assim aconteça, a busca pelo conhecimento é incansável para os mortais que nunca alcançam tal plenitude, e quem concorde com essa premissa, há de concordar que se não é possível saber tudo, também não é possível tudo relativizar.
Quando a consciência humana acusa a si próprio, é um bom sinal acerca da lei a seguir, quando a consciência humana se enche de si própria, é um bom sinal de que está prestes a cair.
E a relativização de verdades é perigosa, aquele que relativiza a gravidade tende a sofrer graves consequências, e não é porque a gravidade é uma unanimidade de conhecimento que não existam outras verdades acerca das quais as consequências de violação possam ser mais graves, mesmo que não seja um consenso.
Verdade é verdade e assim ela se faz e prova em si mesma. Quando existe a constante tentativa de relativizar o que não pode ser mudado, quem muda é aquele que declara mentiras que parecem boas. Mas como toda mentira, não se sustenta em si própria, e espalha todos que nela se apoiam.
Acreditar que o ser humano é autossuficiente é perda de tempo na busca do conhecimento, acreditar que um ser humano é capaz de determinar pelo próprio pensamento como as coisas são chega a ser cômico, duvidar do que se prova por si só, tão somente por não ter sido estabelecido por critérios engessados e sufocados, é desperdício de vida.
Reconhecer a própria limitação é um exercício árduo para muitos, mas é também um passo para o conhecimento, é o verdadeiro passo que move o mundo. Compreender que o ser humano não é um fim em si mesmo significa liberdade. A busca pelo conhecimento precisa ser regada por verdade, relativismos exacerbados formam um atalho que desvirtua todo o verdadeiro caminho.