Racismo: A contradição

Texto enviado por: Paulo Almeida, pai e associado

A contradição:
Se repararmos, o racismo individual é exactamente a contradição da tentativa de provar que o racismo inverso não existe e contém já alguns elementos que deixam adivinhar a intenção de o fazer desaparecer subsituindo-o e/ou integrando-o no racismo comunitário, se tivermos atenção à frase: «revelam o profundo desprezo a todo um grupo».
Vejamos:

  • Por um lado, temos racismo quando um insulto é dirigido a um indivíduo (que nunca foi certamente escravo) ou a uma comunidade, essa sim, que tenha sido escrava em termos históricos.
  • Mas, não temos racismo quando um insulto é dirigido a um indivíduo ou comunidade (que nunca foi certamente escravo) ou a uma comunidade, essa sim, que tenha sido escravizada em termos históricos, se for proferido por um indivíduo que se distinga de outro apenas pela cor da pele desde que não seja branca .
  • Assim, basta ser branco para ser racista. É o racismo em função da cor da pele.

É por isso, que na tentativa de justificar que o racismo inverso não existe, e anular a tal contradição, é afirmado que o racismo acontece dentro de um contexto histórico.
Em boa verdade, aceitando esta definição, somos igualmente obrigados a aceitar que, consequentemente, fora desse contexto, o conceito racismo não existe, como é o caso dos nossos dias, tão longínquos da escravatura por ex. e numa altura em que pretos são presidentes de países, deputados da nação, advogados, professores, etc. e em que já não são escravizados por brancos, nem por pretos diga-se de passagem.

É ainda na tentativa de provar que o racismo inverso não existe, que ligam uma expressão,  como: «palmito» a uma realidade social como se fossem Omniscientes da realidade social de cada indivíduo, comunidade ou povo… Conscientes da fraqueza do argumento, necessitaram de introduzir a expressão «A razão é que, no mundo moderno e contemporâneo, os brancos não foram subjugados, nem tratados como escravos».
Localizando o tal mundo moderno e contemporâneo no mesmo período da escravatura negra, como parecem pretender, estariam, (com muito boa vontade intelectual), safos, se fosse verdade, mas não é, como se verá a seguir no exemplo da escravatura de brancos pelos árabes.

Não abandonando já  a afirmação de que «o racismo inverso não existe, porque os brancos não foram escravizados pelos negros» e aqui já conta a cor da pele (um dos indicadores de que estamos na presença de racismo), chegamos ao clímax da ginástica mental desta contradição que é o facto de que,
tendo os brancos sido escravizados por Árabes, que os utilizaram numa legitimização social de poder e noutro contexto histórico, não são no entanto considerados vítimas de racismo.
Mas, pretos escravizados por brancos utilizados numa legitimização social de poder e noutro contexto histórico, são vítimas de racismo.

O grupo acima do indivíduo:
A invenção do racismo comunitário já não tem nada que ver com descriminação em função da cor da pele ou de raça, mas é o melhor que conseguem para introduzir a verdadeira agenda do pseudo-movimento humanista, que está verdadeiramente por detrás de toda esta construcção de vitimizações e que não é mais nem menos do que a ideologia marxista, onde o grupo é colocado acima do indivíduo. Daí que este racismo comunitário seja considerado apenas mais um tipo de racismo numa tentativa de evitar, para já, que negasse ele mesmo, o racismo individual que como já disse, terá, na verdade, como destino a sua extinção em proveito do comunitário.
Ele permite, basicamente, incluir acções racistas, afirmações ou acções dirigidas a uma comunidade, ampliando assim a possibilidade de acção do anti-racista.

No fundo, este tipo de racismo pretende apenas eternizar no tempo a divisão entre racistas e vítimas de racismo construindo assim uma fonte inesgotável de vítimas prontamente defendidas pelos anti-racistas, que não é nada menos nada mais do que o recrutamento de material de trabalho para os marxistas.


Para que não se corra o risco de se perder este raciocínio filosófico no tempo, estas alminhas definiram uma definição que as academias de psicologia abraçam com unhas e dentes e que é: «racismo é uma forma de legitimar as estruturas sociais de poder. Se um grupo não tem poder na estrutura o sujeito deste grupo não consegue praticar racismo» ( quase uma cópia do modelo de um manifesto marxista).

Para evitar que se corra o risco de que todos nós, que por exemplo não façamos parte, digamos, de um governo, sejamos vítimas de racismo, acrescenta-se uma palavrinha: preto.
Mas, depois surge um problema: é que existem outras cores que encaixam na definição. Por exemplo, muito embora existam judeus pretos, a maioria não é preta.


Como considerar então que os judeus não sendo na maioria pretos e tendo acesso a cadeias de legitimização de poder, sejam considerados vítimas de racismo?


O movimento não teria certamente dificuldade em negar-lhe esse título, mas isso era, por um lado, correr o risco de ter que adoptar algumas teorias anti-semitas e, por outro,  deitar para o lixo um povo inteiro, prontinho a ser classificado como vítima, e deitar fora vítimas é um luxo que até o mais idealista e menos materialista marxista, não se pode dar ao luxo de fazer.
Não faltariam vozes de ex camaradas, afiadas contra o desertor e lá se podia perder o fútil sentimento de inclusão, tão duramente conquistado à custa do abandono da inteligência e opinião própria do nosso camarada.
Solução? Reduzir o racismo à questão da escravatura.

Tudo isto sugere uma construção de lego de uma criança de 5 ou 6 anos, que cria uma realidade perfeitamente concebível na sua imaginação. Para o fazer, precisa de lhe conferir todos os atributos da verdadeira realidade, onde vai buscar os elementos que usa para a conceber como real, mas que distorce  inevitavelmente.

Na verdade, mostra o reduzido campo de interesses destes movimentos marxistas, que mais não é do que a tomada do poder e que replicam em movimentos feministas, lgbts, minorias étnicas, enfim, toda a realidade social onde se possam recrutar os “idiotas úteis” de Lenine, nem que na falta delas, seja preciso criar artificialmente alguma devidamente vitimizada. Exemplo disso é a desconstrução de racismo e a sua reconstrução noutra definição completamente diferente.
A esquerda tem esta característica interessante de construir realidades próprias e negar as universais.

Nota; estes não são os únicos tipos de racismo existentes. Eles abrangem toda uma área de influência que vai desde o ambiente, ao económico, cada um deles com a sua definição própria.


Continua:

Racismo: A Realidade