É o primeiro parque inclusivo, na Póvoa de Varzim, e o baloiço da imagem é para crianças em cadeira de rodas.
Creio que a foto deve ter sido tirada no dia da inauguração, mas agora tem um letreiro à entrada da cerca e vários autocolantes, no próprio baloiço, para alertar os pais que aquele baloiço é para crianças em cadeira de rodas e, por isso, é um equipamento perigoso para as demais e não devem usá-lo.
No primeiro dia em que levei a minha neta a este parque, tinha ela pouco mais de 2 anos, mostrei-lhe o letreiro e os autocolantes, li-os em voz alta, para ela ouvir, e disse-lhe que podia andar em todos os equipamentos do parque menos naquela. Na altura, lembrei-me do Jardim do Éden, da árvore do conhecimento do bem e do mal e da ordem que Deus deu a Adão «De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;»(Gn 2:16-17a).
A Filipa entendeu e divertiu-se nos outros equipamentos.
Passados alguns dias, voltámos ao parque e estavam lá outras crianças com os papás e as mamãs. Algumas, brincavam alegremente no baloiço e a minha neta olhou para mim, para o baloiço, para mim… Voltei a dizer-lhe: «Filha, aquele baloiço é para crianças em cadeira de rodas, não é para ti nem para aqueles meninos. Eles não deviam estar ali e tu não vais pra lá.»
Ela, do alto dos seu quase 3 anos, continuava a olhar para o baloiço e para mim como quem diz: «Mas porquê, avó? Se os outros meninos podem ir pra lá, porque é que eu não posso?»
Voltei a dizer-lhe: «Meu amor, tu não vais para o baloiço porque é perigoso e tem muitos avisos a alertar para não ires para lá. » E ela voltou a divertir-se nos outros equipamentos, embora, de vez em quando, corresse para a entrada da vedação que cerca o baloiço e olhasse para mim… «Não, Filipa, não podes andar nesse baloiço. É perigoso!»
Sempre que voltamos àquele parque, tenho de repetir-lhe que não pode brincar naquele baloiço e, vez-após-vez, ler-lhe o letreiro e os avisos de perigo. Mas, ela continua a olhar para mim com aqueles olhos que “gritam”: «Mas, se eles podem…»
Desde os 2 anos que ela sabe que não podemos atravessar a rua com o sinal vermelho e que só o podemos fazer quando o sinal está verde. Um dia, o sinal estava vermelho, mas, como não se via nenhum carro, decidi atravessar. Ela não deixou. Com a mãozinha na minha, fincou os pézinhos no chão, olhou para mim, apontou para o semáforo e disse: «Vovó, está bomelho!»
«Oh! Pois está, meu amor! Vamos esperar que fique verde!» – Disfarcei, envergonhada, e nunca mais tentei atravessar no “bomelho”.