Jordan Peterson entrevista Chloe Cole, uma jovem detransicionada (1)

A AFC decidiu traduzir e partilhar com os seus leitores uma entrevista na qual o Dr. Jordan B Peterson se sentou à mesa com Chloe Cole, de 18 anos, que detransicionou. Chloe foi doutrinada, afirmada e colocada num caminho irreparável aos 15 anos de idade, e agora vê-se abandonada pela comunidade e pelos médicos que a levaram ao limite.

Chloe Cole é uma jovem detransicionada de 18 anos do Vale Central da Califórnia. Começou a sua transição aos 12 anos, tomou bloqueadores da puberdade e testosterona aos 13, e fez uma mastectomia dupla aos 15 anos. Atualmente, advoga fortemente contra a ideologia de género.

A entrevista é longa e, por isso, será partilhada em vários posts.

Jordan – Bem, o consentimento tem de ser documentado, mas também tem de ser informado. E informado significa que temos de compreender aquilo a que estamos a consentir. Tu precisavas de ter sido acompanhada em grande detalhe. Todos os problemas que eram relevantes para ti na frente psicológica e médica, todas as opções que estavam disponíveis para ti e os prós e contras de todas essas opções. Não vejo, de forma nenhuma, que isso pudesse ter sido feito com algum grau de minúcia em menos de seis meses de terapia semanal, e diria que isso é o mínimo absoluto para acompanhar alguém em algo tão complicado como o problema que expuseste.

O problema de eu ter começado tão cedo não foi só que eu não podia consentir, como também não conseguia ter uma visão completa das coisas. Nunca vou poder amamentar, nunca vou ter aquela sensação erógena no meu peito. Detesto falar sobre isso, mas estou a sofrer de disfunção sexual aos 18 anos. Isso é algo que as mulheres normalmente passam quando estão na casa dos 40 ou 50 anos. Como é que eu podia saber?

Chloe

Jordan – Olá a todos os que estão a ver e a ouvir no YouTube e no podcast The Daily Wire Platform Associated, hoje temos um dia difícil, por isso apertem os cintos. Estou a falar com Chloe Cole, uma jovem de 18 anos, chamada de “detransitionada”, do Vale Central da Califórnia. Começou a sua transição aos 12 anos, tomou bloqueadores de puberdade e testosterona aos 13 e fez uma mastectomia dupla aos 15 anos. Agora advoga fortemente contra a ideologia de género e procura responsabilizar a nível legal aqueles que a promovem. Olá Chloe, Feliz Natal.

Chloe – Feliz Natal.

Jordan – Obrigada por teres aceite falar comigo hoje e falar a todos os que estão a ver e a ouvir. Passaste por uma experiência bastante complicada, para dizer o mínimo, nos últimos cinco ou seis anos. E decidiste, nos últimos meses, tornar pública a tua história e também iniciar alguns procedimentos legais contra os profissionais médicos que, como se diz, te ajudaram na tua “emocionante viagem” (NT: tom de sarcasmo). Por isso, queres contar-nos exactamente a situação em que te encontras agora e o que te aconteceu desde que saíste da infância?

Chloe – Sim, aos 12 anos comecei a sentir alguma disforia de género e comecei a consultar um terapeuta. Recebi o diagnóstico e comecei a seguir o caminho da transição médica aos 13 anos, começando com bloqueadores e depois passando para as hormonas. Aos 15 anos fiz uma mastectomia dupla, mas acabou por não ser a melhor decisão para mim e deixei de fazer a transição aos 16 anos.

Jordan – Ok, vamos voltar a quando tinhas 12 anos. Quando é que atingiste a puberdade?

Chloe – Na verdade, tive uma puberdade bastante precoce. Comecei a desenvolver-me por volta dos nove anos, se não um pouco mais cedo.

Jordan – Está bem, está bem. E então, aos nove anos, lembras-te se isso te mudou emocionalmente?

Chloe – Sim, mudou. Na verdade, foi muito difícil para mim.

Jordan – Ok, então deixa-me dar-te um pouco de contexto. Diz-me se alguém já te disse isto antes. Os rapazes e as raparigas experienciam, antes da puberdade, aproximadamente os mesmos níveis de emoções negativas. Isso seria principalmente ansiedade e dor emocional, ou mesmo, por vezes, susceptibilidade à dor física; emoções como frustração, desilusão, vergonha, culpa e auto-consciência fazem parte dessa rede de emoções negativas.

Agora, o que acontece às raparigas quando atingem a puberdade, e ninguém sabe exactamente porquê, é que os seus níveis de emoções negativas aumentam. Assim, em média, as mulheres, as mulheres biologicamente maduras, são mais sensíveis às emoções negativas do que os homens biologicamente maduros, e isso começa a acontecer na puberdade. Há uma variedade de explicações para isso, mas ninguém sabe ao certo e aqui estão algumas delas.

Antes de mais, o dimorfismo sexual e a força física surgem na puberdade. Assim, os rapazes e as raparigas são bastante parecidos fisicamente, mas quando a puberdade começa, os rapazes são mais altos, mais fortes, mais pesados e são muito mais fortes em termos de força na parte superior do corpo. Assim, as mulheres estão em desvantagem física em relação a tudo o que possa ter a ver com combate físico e, assim, com base nisso, faz sentido que as mulheres sejam de alguma forma mais sensíveis à ameaça.

A outra explicação é que as mulheres são mais vulneráveis sexualmente do que os homens, porque suportam um custo muito mais elevado para a reprodução, obviamente, com a gravidez e a dependência prolongada dos bebés. Pelo que são mais vulneráveis na frente sexual. Por isso, faz sentido que sejam mais sensíveis a qualquer ameaça associada à actividade sexual.

E a terceira explicação, e pode haver mais, é o facto de as mulheres serem, de um modo geral, as principais responsáveis pelos bebés. E os bebés são extremamente dependentes e vulneráveis. Assim, poder-se-ia argumentar que o sistema nervoso das mulheres adultas está, na verdade, adaptado à díade mãe-filho e não, digamos, ao bem-estar emocional da mulher individual. E uma mulher precisa de ser sensível às ameaças porque vai cuidar de bebés e de crianças extremamente dependentes. Faz sentido que ela esteja mais atenta às ameaças, embora a consequência negativa disso para as mulheres devido a tudo isto seja o facto de estas terem muito mais probabilidades de sofrer de depressão e ansiedade do que os homens. Em termos transculturais, a proporção é de três para um, e cinco para um.

Agora, os homens têm as suas patologias associadas. Os homens têm maior probabilidade de serem anti-sociais, por exemplo, e de abusarem do álcool, mas as mulheres predominam no lado das emoções negativas. E depois, eu diria que isso é exacerbado se atingires a puberdade cedo, porque tens de lidar com estas complexidades de transformação fisiológica numa idade muito jovem, e isso é uma coisa difícil de lidar emocionalmente. E depois há a consequência adicional de qualquer turbulência hormonal que possa surgir como consequência do início da puberdade.

Assim, é muito comum para jovens mulheres experimentarem níveis elevados de emoções negativas e que essas emoções se centrem no seu corpo. Porque outra coisa que é característica das emoções negativas femininas é que a auto-consciência associada a essas emoções tende a centrar-se muito particularmente na vergonha do corpo e na auto-consciência. E isso pode dever-se ao facto das mulheres serem avaliadas mais rigorosamente com base na sua aparência física do que os homens.

Os homens são avaliados mais severamente do ponto de vista sexual, digamos, do ponto de vista do desempenho, no que diz respeito ao estatuto socioeconómico e assim por diante. Mas as mulheres são definitivamente avaliadas de forma mais severa pelos homens e entre si em termos de atractividade física. Isso torna a situação bastante complicada para raparigas que estão a fazer a transição para a puberdade, e muitas delas ficam deprimidas e ansiosas e desenvolvem um foco intenso no seu corpo. Por isso, não sei quanto disso te foi explicado pelos teus terapeutas ou pelos profissionais médicos, mas é tudo informação psicológica e médica bem documentada.

Continua

Traduzido por Maria Azevedo (Associada)
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