Ideologia de género e a experiência médica nas nossas crianças (2)

Estas crenças não foram provadas. Não há provas de que sejam legítimas. No entanto, nos últimos 10 anos, os cuidados de afirmação têm sido amplamente aceites nos EUA como o tratamento de primeira linha para a disforia de género. Isto não seria aceite em nenhuma outra área da medicina.

Recentemente, Joe Biden e o seu secretário adjunto da Saúde, o Dr. Levine (NT: Levine é um homem que se identifica como mulher), aconselharam os pais no sentido de que os tratamentos hormonais e cirúrgicos precoces são cruciais para os seus filhos com confusão de género. Duvido muito, no entanto, que tanto o Presidente como o Dr. Levine se apercebam que a base para os tratamentos a que chamam cruciais é um único estudo com apenas 55 indivíduos.

A afirmação dos cuidados baseia-se num pequeno case study, um estudo que muitas autoridades consideram problemático. Este é um assunto complicado, mas eis o que precisa de saber: até aos anos 90, a transição de género era realizada apenas em adultos, sobretudo em homens na casa dos 30 e 40 anos. Os resultados cosméticos não eram bons, porque já tinham passado pela puberdade e tinham um aspecto masculino. Após a transição, a sua saúde mental era reduzida e as taxas de suicídio eram elevadas.

Uma equipa de investigadores holandeses pensou que se pudessem intervir antes da puberdade e impedir a masculinização, estes indivíduos poderiam passar por mulheres e a sua saúde mental melhoraria. Assim, escolheram cuidadosamente (palavra-chave cuidadosamente) um grupo de crianças que pensavam ser provável que se identificassem como transgénero para o resto das suas vidas.

Escolheram apenas crianças que tinham disforia de género grave desde a infância e que não podiam ter problemas de saúde mental graves, e foram muito rigorosos neste aspeto. Aos 12 anos, a puberdade era bloqueada, aos 16 era administrado estrogénio ou testosterona para simular a puberdade do sexo oposto e, aos 18, era possível fazer-se cirurgia. Este é o chamado protocolo holandês.

Muitos consideram-no problemático por diferentes razões, mas deixemos isso de lado. Digamos apenas que, um ano e meio após a cirurgia, os doentes referem que a sua disforia diminuiu. Ok, parece bom à primeira vista. Então, por que não utilizar hoje o protocolo holandês em todas as crianças que inundam os nossos consultórios com disforia de género? Eis a razão:

Neste momento, quase todas as crianças que estão a ser atendidas são vítimas de um contágio social chamado disforia de género de início rápido (NT: ROGD). Desenvolvem os sintomas na adolescência e não na infância, e a criação das suas novas identidades é alimentada por amigos, pornografia e influenciadores na Internet. A maior parte delas são raparigas com outros diagnósticos psiquiátricos.

Todas estas crianças teriam sido excluídas do estudo holandês, porque o protocolo excluía as crianças cuja disforia se desenvolveu mais tarde na adolescência e as que tinham problemas de saúde mental significativos. Os jovens que frequentam as clínicas e os hospitais de género de hoje em dia são um grupo de crianças completamente diferente. É como duas pessoas que se queixam de dores no joelho: uma caiu e a outra tem artrite. Têm o mesmo sintoma, dor no joelho. Tratamo-los da mesma forma? É óbvio que não.

Para além disso, os holandeses desencorajam a transição social. Os cuidados de afirmação de género apoiam a transição social em idades muito precoces, mesmo em crianças de três e quatro anos. Nos Estados Unidos, as intervenções médicas estão disponíveis mais cedo do que no estudo holandês: as crianças podem receber bloqueadores da puberdade a partir dos 8 anos e podem receber hormonas de sexo cruzado aos 14.

E a cirurgia… bem, quem sabe, é o oeste selvagem… alguns cirurgiões dizem que não têm limite de idade mínima, e sabemos que no Children’s Hospital de Los Angeles foram removidos os peitos de uma jovem de 13 anos.

Os holandeses prestaram um apoio alargado em matéria de saúde mental a estas crianças e às suas famílias, ao passo que agora, na Planned Parenthood (uma clínica de aborto com mais franchisings do que o Mc Donalds espalhados por todo o mundo) e noutros locais, são passadas receitas de hormonas após uma breve reunião e não há qualquer avaliação da saúde mental.

Estas preocupações foram levantadas pelos próprios investigadores holandeses. Esses investigadores, os mesmos que criaram e aplicaram o protocolo holandês, afirmaram: «O que estão a fazer? Por que estão a adoptar o nosso modelo para esta nova apresentação de disforia de género? Precisamos de mais investigação sobre esta nova população, que é diferente».

As autoridades médicas da Grã-Bretanha, Suécia, Finlândia, França, Holanda, Bélgica, Austrália e Nova Zelândia recomendam a mesma prudência. Estudaram os dados e concluíram que a qualidade da investigação é muito baixa. Por exemplo, no que se refere aos bloqueadores da puberdade, o editor-chefe da revista médica britânica, que é também director do Centro de Medicina baseada em provas da Universidade de Oxford, afirmou que a qualidade das provas nesta área é terrível.

Por isso, nos países que mencionei, as intervenções médicas em menores foram drasticamente reduzidas, ou estão a pedir muita cautela e estão a dizer «tratem primeiro dos problemas de saúde mental. Relativamente às hormonas e às cirurgias, não há provas de benefícios a longo prazo, mas há um elevado risco de danos».

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Fonte

Tradução: Maria Azevedo (Associada)

Miriam Grossman | Ideologia de género e a experiência médica nas nossas crianças | National Conservatism em Miami