
Houve tempo em que a figura da Igreja se confundia com a figura do Governo. Estado regrado pelas normas religiosas, coisa que ainda acontece em sociedades não ocidentais. Cada entidade com sua função social, supostamente unem esforços para o bem comum de todos os indivíduos.
Interessante notar como que as normas e costumes relacionadas à moral e valores de determinada cultura foram sendo negligenciadas para estabelecer uma nova normal geral de valores (não necessariamente partilhadas por aqueles que serão influenciados por elas), mas que se estabelece de maneira global, muito “democrática”, porém, sem opção de escolha.
A constante tentativa de substituição de fontes confiáveis encaminha a humanidade para as escolhas que são feitas, encaminham a formação de carácter das novas gerações. O que normalmente levaria décadas para se concretizar em questões de mudanças geracionais, acontece com assustadora velocidade em poucos anos, uma boa tática para tal, é, justamente, a substituição das fontes de opiniões e formações.
De uma hora para outra, princípios judaico-cristãos que formaram a base dos Direitos Humanos e Fundamentais como se conhece hoje, que procuram preservar a vida e a dignidade de todo ser humano, sem critérios para melhor ou pior, passam a ser vistos como opressores e intolerantes.
Como explicar que uma compreensão de igualdade e liberdade perpetrada por escritos antigos sejam transmitidos completamente cobertos de engano e distorções? Como explicar a retirada do autor da obra de sua interpretação e melhor uso? É fácil de explicar quando a usurpação das instituições e dos respetivos papéis sociais acontece.
O ser humano é composto por sua parte corpórea e não corpórea. A ciência humana manipula as informações oficiais para inferir a ideia de que o ser humano não tem real necessidade de se comunicar com seu Criador e que precisa explicar a vida de forma autônoma e independente, e diante da constante necessidade sobrenatural, inclui elementos materiais e humanos para se tornarem objeto de adoração.
A ciência humana cria e recria conceitos e concepções admitindo certeza para o que o não se pode provar e negando a verdade que se demonstra de maneira contrária aos principais interesses. Transforma a família em algo destruído, sem base e sem estrutura e coloca um super estado para usurpar esse lugar. Definir quem vai criar os filhos, definir em que eles vão acreditar ou não, o que será o valor de formação pessoal de todas as crianças, e os pais que não pensem de maneira diferente, não serão obrigados a aceitar, mas também não poderão ser nada diferentes do que o Estado quer que sejam.
O perigo da monopolização das informações é justamente esse, uma só entidade define o que é bom e aceitável, somente a atender interesses pessoais, sem realmente considerar o que é adequado ao ser humano, sem ampliar a visão. E muitas vezes, ampliar a visão é voltar ao básico e simples. A vida, em si, é muito mais simples do que fazem parecer.
E uma dessas coisas bem simples é o papel da família dentro de uma sociedade, e quanto é danoso destruir essa referência, quanto é prejudicial para o ser humano não ter uma base familiar, o convívio e aprendizado com princípios e valores perpetrados pela família.
O Estado jamais poderá fazer este papel, não é coerente, nem produz bons frutos, sua intervenção dentro da família apenas de justifica em casos graves, quando de facto, acontecem crimes (violência, negligência real). Mas parece que o Estado não se preocupa quando ocorre abandono afetivo (seja com as crianças, seja com os idosos), não se preocupa quando uma criança anda solta e perdida, o Estado se preocupa quando não o obedecem estritamente, quando não consegue exercer poder de manipulação e influenciar nas decisões de uma família.
É necessário ter atenção ao quanto determinações externas já podem influenciar, quebrar laços, destruir a união familiar e usurpar as funções que devem ser exercidas pela família. Atenção ao grande retrocesso que já se concretizou nessa questão, para que a verdadeira ordem se restabeleça. Para que a família compreenda o papel que tem, e não abra mão de o exercer, e mais, que os valores perpetrados por gerações, não sejam substituídos por princípios que não trazem vida ao ser humano.