Poderá a identidade de género ser determinada geneticamente?
Os geneticistas comportamentais sabem há décadas que, embora os genes influenciem o comportamento, eles não predeterminam que uma pessoa pense, sinta ou se comporte de uma maneira específica. A ciência da epigenética demonstrou que os genes não são análogos aos rígidos “modelos” de comportamento. Em vez disso, os seres humanos “desenvolvem traços através do processo dinâmico de interacção gene-ambiente… [os genes por si só] não determinam quem somos” [18]. Quanto à etiologia do transgenerismo, estudos com gémeos transsexuais adultos provam definitivamente que a influência genética é muito menor do que a de factores ambientais.
Os estudos com gémeos são fundamentais para elucidar se os genes ou os factores ambientais contribuem mais significativamente para um determinado traço. Como os gémeos monozigóticos são concebidos com exactamente o mesmo ADN, e as mutações espontâneas antes do nascimento são raras, traços que são determinados unicamente pelos genes, manifestar-se-ão em ambos os gémeos idênticos próximo de, se não exactamente, 100% das vezes. A cor da pele é um exemplo de um traço que os gémeos idênticos partilham praticamente 100% das vezes, porque é determinada exclusivamente pelos genes.
O maior estudo de gémeos transsexuais até à data examinou 110 pares de gémeos e foi publicado pelo Dr. Milton Diamond na edição de Maio de 2013 do International Journal of Transgenderism [19]. A Tabela 5 documenta que o número de pares de gémeos monozigóticos concordantes para o transexualismo é maior que o de pares de gémeos dizigóticos. Isto sugere uma possível predisposição biológica para a DG. O dado mais significativo, no entanto, é o baixo número de pares de gémeos monozigóticos concordantes. Apenas 21 pares de gémeos monozigóticos de um total de 74 pares monozigóticos, ou 28%, foram concordantes quanto ao transsexualismo; os restantes 72% dos gémeos idênticos eram discordantes relativamente ao transsexualismo.
Isto significa que os factores ambientais superam qualquer predisposição biológica. Os factores ambientais representam quase 75% do que causa o transsexualismo num gémeo e não no outro; e como os gémeos idênticos se desenvolvem no mesmo útero, é provável que as experiências pós-parto não compartilhadas tenham maior influência que o ambiente pré-natal. Uma alta taxa de discordância de 72% entre gémeos idênticos prova que ninguém nasce pré-determinado a ter DG e muito menos, pré-determinado a se identificar como transgénero ou transsexual.
Isto é o que seria de esperar, dadas as dramáticas taxas de resolução da DG documentadas entre as crianças quando elas não são incentivadas a personificar o sexo oposto. A baixa taxa de concordância também apoia a teoria de que a DG persistente se deve predominantemente ao impacto de influências ambientais não compartilhadas sobre certas crianças biologicamente vulneráveis. Para clarificar, apenas estudos com gémeos estabelecem que a “perspectiva alternativa” de uma “identidade de género inata” presa no corpo errado é de facto uma crença ideológica que não tem base na ciência rigorosa.
Uma visão binária teleológica da sexualidade humana, por outro lado, é compatível com a realidade biológica. A norma para o design humano é ser concebido homem ou mulher. Os pares de cromossomas sexuais “XY” e “XX” são determinantes genéticos do sexo masculino e feminino, respectivamente. Não são marcadores genéticos de um corpo disfuncional ou defeito de nascença. A sexualidade humana é binária por design com o objectivo de reproduzir a nossa espécie. Este princípio é auto-evidente. Exceptuando o caso de um dos distúrbios raros de desenvolvimento sexual, a nenhum bebé é “atribuído” um sexo ou género no nascimento. O sexo declara-se a si mesmo anatomicamente no útero e é claramente evidente e reconhecido no nascimento.
Os distúrbios de desenvolvimento sexual, incluindo mas não limitados ao síndrome de insensibilidade androgénica e à hiperplasia adrenal congénita, afectam menos de 0,02% da população [20]. Estes distúrbios são todos desvios clinicamente identificáveis da norma sexual binária humana. Ao contrário dos indivíduos com genótipo e eixo hormonal normal que se identificam como “transgéneros”, aqueles com distúrbios de desenvolvimento sexual têm uma condição biológica inata. A atribuição de sexo a indivíduos com distúrbios de desenvolvimento sexual pode ser complexa e depende de uma variedade de factores genéticos, hormonais e físicos. Contudo, a declaração de consenso de 2006 da Sociedade Intersex da América do Norte não endossou o distúrbio de desenvolvimento sexual como um terceiro sexo [21].
Referências bibliográficas:
[18] Shenk, D. The Genius in All of Us: Why everything you’ve been told about genetics, talent, and IQ is wrong. (2010) New York, NY: Doubleday; p. 18.
[19] Diamond, M. “Transsexuality Among Twins: identity concordance, transition, rearing, and orientation.” International Journal of Transgenderism, 14(1), 24–38. (Note: the abstract of this article erroneously states that the concordance rate from MZ twins is 20 percent. Dr. Cretella, the author of this paper, “Gender Dysphoria in Children,” has therefore refernced Dr. Diamond’s data directly to demonstrate that the actual concordance rate is slightly higher at 28 percent.)
[20] Sax L. How Common is Intersex. J Sex Res. 2002 Aug;39(3):174-8. Available at http://www.leonardsax.com/how-common-is-intersex-a-response-to-anne-fausto-sterling/ Accessed Nov 1, 2018.
[21] Consortium on the Management of Disorders of Sex Development. Clinical Guidelines for the Management of Disorders of Sex Development in Childhood. Intersex Society of North America; 2006. Available at: www.dsdguidelines.org/files/clinical.pdf. Accessed Mar 20, 2016.
Fonte: https://www.acpeds.org/the-college-speaks/position-statements/gender-dysphoria-in-children
Traduzido por: Sarah Pousinho