DIÁLOGO Ben Shapiro (Ben) e Brad

Universidade de Michigan

Brad — Olá, o meu nome é Brad. Estou aqui em representação de muitos dos alunos progressistas aqui de Umich (NT: Universidade de Michigan, EUA) e eu queria saber a sua posição sobre as pessoas transgénero como um todo, e depois gostava talvez de ter uma conversa, uma curta conversa acerca do que acredita.

Ben — Claro, antes de mais obrigado por ter vindo e feito a sua pergunta, isso é ótimo. Às vezes não temos isso. A minha posição sobre pessoas trans, eu gostava de caracterizar isto de uma forma diferente. Há algumas categorias diferentes e estamos aqui a agrupar toda a gente numa única categoria. Há pessoas que têm disforia de género de longa duração ou distúrbio de identidade de género, certo? Isso é um distúrbio activo real que de facto existe. Isto não significa que estas pessoas são do sexo oposto. É aqui que eu rejeito o argumento de que se tem disforia de género, tem um distúrbio mental ao abrigo da DSM5, isto significa que se és um homem que acredita que é uma mulher, isto faz de si uma mulher. Não é uma mulher, é um homem que acredita que é uma mulher. Tenho muita empatia por essa condição dimórfica do corpo, que é difícil, isso não o faz parte do sexo oposto porque apenas a realidade biológica objectiva o pode fazer pertencer a um sexo ou a outro sexo.

Depois há pessoas que reivindicam que são membros de sexos que não existem, que reivindicam pronomes que não existem, que reivindicam que têm género fluído, o que não é realmente uma coisa ou que nunca foi caracterizada.

Há pessoas que nunca, sem qualquer evidência, reivindicam que têm um distúrbio de identidade de género e, de repente aos 15 anos de idade, descobrem que questionam o seu género, mas não existe um nível persistente de crença que tenha durado um intervalo de tempo persistente. E é dada a estas pessoas testosterona ou são feitas cirurgias com base nisto.

E depois há pessoas que são intersexo o que, de novo, é outra categoria.

E eu creio que o que acontece nestas conversas é que as pessoas confluem todas estas categorias. O que fazem é dizer “Bem, as pessoas trans existem”. Ok, o que é que quer dizer com isso. E elas dizem: “Há certas pessoas que têm Síndrome de Klinefelter”. Ok, isso não são pessoas trans, são pessoas intersexo. É uma categoria completamente diferente. Essas são pessoas que têm uma condição biológica real. E já agora, elas continuam a ser membros de um sexo, elas são sexuadas, mas acontece que têm características sexuais secundárias do sexo oposto.

Ok, essa é a minha perspetiva geral.

Brad — Por uma questão de brevidade, podemos ter uma conversa sobre género e eu realmente falhei em compreender como é que você reivindica que há muitos géneros que são inventados. Podia elaborar um pouco mais sobre isso?           

Ben — Claro. Eu penso que tem havido uma falsa distinção feita entre sexo e género, e género tem sido entendido como sendo mais importante do que sexo. Portanto, basicamente, a ideia de género foi uma ideia, um conceito que foi trazido por um professor universitário chamado John Money em 1960. E a ideia geral era de que o género era uma série de características culturais que nós impomos às pessoas de um sexo em particular. Então, não é que as mulheres têm bebés, é que as mulheres têm um género (NT: o Ben Shapiro usa aqui um verbo pouco comum ao dizer “Woman are gendered”, que pode significar é atribuído um género às mulheres, as mulheres têm um género, as mulheres desenvolvem um género) como se pudessem ter bebés, e isto é o que faz de uma mulher uma mulher. Isto não está correcto. As mulheres têm bebés.

Ou podemos dizer: “o género é um conjunto de características, uma série de estereótipos, essencialmente”, mas depois vemos a comunidade trans argumentar que se um rapaz tem atributos estereotipados deste género [género feminino], isso faz dele um membro do sexo oposto, o que não faz sentido. Nós podemos ter rapazes efeminados. Nós podemos ter raparigas masculinas e isto tem sido uma característica da vida ao longo da história humana. Isso não faz deles membros do sexo oposto.

Por isso, quando as pessoas dizem “género”, o que eu quero que elas façam é definir o que é que elas querem dizer com “género”. Se elas apenas se referem a um conjunto de atributos culturais atribuíveis, e elas dizem que isso é completamente separado do sexo. Em primeiro lugar, eu rejeito isso. Eu acredito que há uma forte correlação entre comportamento de género e sexo.

Brad — Sim, é assim que socializamos as crianças. A relação está aí, eu não penso que…

Ben — Não é apenas a socialização, não é o argumento que eu apresentaria. Isto é reforçado pelo reino dos primatas, por exemplo: existem áreas de comportamento fortemente marcadas pelo género. A noção de que os rapazes e as raparigas quando nascem são basicamente acessórios andróginos, e que nós fazemos de um rapaz um rapaz porque lhe damos um camião, e fazemos uma rapariga de uma rapariga ao darmos-lhe uma boneca. Isso não é verdade em nenhum nível sociológico.

Brad — Então, nós batemos palmas por o Ben comparar primatas a humanos, eu quero estabelecer isso. E ainda mais…

Ben — Bem, nós estamos a falar dos atributos da biologia de mamíferos, por isso sim. Na verdade, eu argumentaria que vou comparar seres humanos a qualquer membro das espécies dos mamíferos, quando estamos a falar de dicotomia sexual, que é a base de toda a reprodução nas espécies dos mamíferos.

Brad — Eu quero trazer de volta o conceito de socialização e de crianças. Eu trabalhei muito tempo em escolas públicas. Eu notei que a linha de género neste binário a que se refere, muitos de nós se enquadram nessas duas linhas de homem e mulher. Eu não estou a dizer que uma pessoa tem um tipo de genitália ou o outro. O que eu estou a dizer é que nós temos características masculinas e femininas ao longo do tempo, que nós apanhamos da nossa família, do mundo à nossa volta.

Ben — Claro.

Brad — Creio que se concorda com isso…

Ben — Mas não é isso que faz de si um homem ou uma mulher. Se um menino gosta de bonecas isso não faz dele uma menina, e se uma menina gosta de camiões isso não faz dela um menino. E acho que estamos a fazer um grande dano às crianças por defender o oposto.    

Brad — Acho que lhes devemos dar o espaço para explorar isso.

Ben — Já agora, eu não… Em primeiro lugar, eu acredito que é muito importante providenciar regras e regras para as crianças. Não partilho da ideia de que os miúdos devem ser deixados ao Deus dará e depois eles fazem o que eles quiserem. Nós não os tratamos assim com a nutrição, não os tratamos assim com a educação, não os tratamos assim com muitas coisas, e a ideia de ensinar os rapazes a abraçar o facto de serem rapazes do sexo masculino, é, acredito, uma coisa bastante boa. Agora, há exceções a toda a regra, e há crianças, como eu disse, rapazes que vão ser mais efeminados e eles não devem sofrer bullying devido a isso ou serem mal-tratados por isso.

Brad — Sim.

Ben — Mas, sugerir que isso faz deles trans ou que faz deles membros do sexo oposto é algo contra o qual eu estou realmente a argumentar, porque isso termina numa mentira. Uma mentira que leva a ideação suicida, que leva a uma confusão tremenda, leva a tremenda dor psicológica. Você está a mentir a uma criança e mentir a crianças não é uma coisa com a qual eu concorde muito.

Brad — Sim, e por falar em ideação suicida, eu penso que talvez negar o facto de que está tudo bem numa pessoa jovem (NT: o termo “pessoa jovem”, young person, tem sido utilizado pelo movimento trans, e inclusivamente por profissionais médicos de cuidados afirmativos de género, no sentido de conferir um certo sentido de autonomia a menores) decidir pertencer a uma certa linha de género. Eu não consigo compreender como é que isso o afecta a si pessoalmente e como é que isso magoa a criança.

Ben — Certo. Sempre que a sociedade implementa uma regra, afecta-me pessoalmente. Você não me está a perguntar como a forma como uma criança se identifica no Saskatchewan (NT: província do Canadá) me afecta pessoalmente. Você está-me a pedir, a mim, para alinhar com uma mentira, que o sentido subjectivo de identidade daquela criança molda a definição de sexo, e eu recuso-me a alinhar com isso porque, como você diz, as crianças são de facto maleáveis e a noção de que estamos a ensinar a todas as crianças de 5 anos que podem ser membros do sexo oposto é profundamente perturbadora, caótica e errada.

Brad — De novo, não é isso que estou a prescrever. Gostava de ser claro, o que estou a dizer é que eles deviam ter permissão para explorar qualquer parte das características masculinas e femininas.

Ben — Quer dizer, depende. Se por “permitir” você quer dizer que os miúdos devem ser trancados no Matilda’s Chokey (NT: A Prisão de Matilda é uma referência ao filme Matilda, baseado na obra de Roald Dahl, em que Matilda, a personagem principal, é atirada para uma divisão extremamente pequena onde não se pode sentar ou mexer sob pena de se ferir nos pregos que envolvem a divisão) por brincarem com uma boneca ou algo do género. Não, óbvio que não. Isso é abuso infantil.

Brad — Mas é esse o caso frequentemente, em espaços muito ortodoxos. Vamos ser honestos.

Ben — Abuso infantil é ilegal e deve ser ilegal, ok?

Brad — Vá lá… Vamos ser honestos.

Ben — Mas a noção de que se a minha criança expressa confusão de género, eu não posso dizer… Se o meu filho chega a casa um dia e diz “eu sou uma menina” e eu digo “não és uma menina. Isso não verdade, biologicamente. És um menino. Quando és criança podes ter sentimentos confusos”. E a ideia de que isso é uma forma de abuso infantil é uma mentira. Não é uma forma de abuso infantil, é na verdade a forma como se educa um filho.

Brad — E de novo, eu estou-lhe a dar esse espaço, mas por outro lado, você está a opor-se ao próprio oposto. Você está a dizer que é doente e perverso que pais permitam que os seus filhos explorem diferentes partes deles mesmos.

Ben — É doente e perverso apresentar a crianças a noção de que rapazes e raparigas não são separados em termos de humanidade; e que rapazes e raparigas não estão também separados em formas dicotómicas da espécie homo sapiens sapiens; e que a ideia de que não existe realidade biológica alguma e que, por isso, um rapaz pode ser uma rapariga e uma rapariga pode ser uma rapaz é uma forma de abuso infantil. Isso é a mesma coisa que eu ensinar ao meu filho que pode ser um cavalo. O meu filho não pode ser um cavalo, isso não é real. E se eu ensinasse ao meu filho isso e levasse a sério o argumento de que o meu filho pode ser um cavalo, eu estaria a provocar-lhe um tremendo dano psicológico. Lamento, sinto que estamos a ficar sem tempo.

Brad — Posso só perguntar mais uma coisa?

Ben — Claro, força!

Brad — Eu queria… Estamos a fazer comparações com animais e você está a receber palmas por isso e, de novo, não é a minha coisa preferida. Mas eu aprecio o seu ponto em dizer que estaria disposto a permitir que outra família explorasse certos géneros.

Ben — Bem, quer dizer, eu não permitiria uma criança explorar a mentira de que pode ser um membro do sexo oposto.

Brad — Isso, é isso aí.

Ben — Eu discordo completamente da ideia básica de géneros se, e digo isto entre aspas… porque se vai integrar tudo isto, resumir tudo apenas ao comportamento de seres humanos, então todos nós temos os nossos próprios géneros. Literalmente, cada um de nós pode simplesmente ter nomes, podemo-nos livrar da ideia de género por completo e eu posso chamá-lo só de Bob, certo? Nós podemos… Esta é a maneira mais fácil de fazer isto: nós tratamo-nos como indivíduos com uma série de atributos diferentes, em vez de dizer que o meu género é pansexual fluído 45 XYZ.

Brad — Isso é tão desonesto. Isso é tão desonesto.

Ben — Como é que isso é desonesto?

Brad — Está a fazer uma caricatura acerca do género pansexual. Isso não é uma realidade e você sabe que não é.

Ben — Então diga o nome de um género que você pensa que existe fora do sexo masculino e do sexo feminino.

Brad — Não, eu concordo que as pessoas podem estar dentro dos dois, dentro do equilíbrio.

Ben — De novo, eu agradeço o tempo e o diálogo, acho que é produtivo e agradeço por fazer isto.

Brad — Eu não acredito que nenhum de vocês tem pontos de vista maliciosos, acho que muitas das vossas perspetivas são fundadas na realidade do mundo, mas espero que vocês pelo menos se permitissem a vocês mesmos virem a alguns dos grupos mais progressivos e talvez ter estas conversas.

Ben — Aliás, para ter conversas destas, encorajo todas as pessoas que são conservadoras a terem conversas destas, absolutamente.

Brad — [dirige-se para membros do público] E ver como vocês foram duros com os protestantes lá fora, que estão a usar o seu direito da Primeira Emenda foi muito difícil de assistir, especialmente para americanos que afirmam que a Primeira Emenda é algo que vocês subscrevem. Lamento, mas tenho de o dizer.

Ben — Eu não estava lá fora, mas se alguém foi tratado indevidamente enquanto protestante, então peço desculpa em nome de quem quer que tenha maltratado um protestante.       


Fonte Vídeo de Young America’s Foundation