Acostumados a lidar com os frutos, não querem procurar cortar o mal pela raiz.
Acostumados a pensar que controlam o mundo, podem ver a natureza desafiar.
Acostumados a ter explicação para tudo, precisam reencontrar o interior distraído, cansado, e sobrecarregado, que não entende as palavras que são ditas, mas insistem em não calar sobre o que não sabem.
Acostumados a travar as próprias batalhas, perdem-se quando percebem que brigam contra si próprios. Enquanto caminham em avançado, mais distante chegam do destino esperado. Quanto mais buscam, mais sobrecarregados.
Quem consegue existir neste tempo e não se sentir estressado? Quem consegue administrar todas as esferas em malabarismo acelerado e ainda se sentir pleno e realizado?
Quem acredita em si mesmo como alguém que merece descanso e merece usufruir do resultado?
A tecnologia que permite o trabalho no conforto de casa é a mesma que rouba seu tempo e te distrai do que realmente importa.
A via que em um sentido leva ao bem, é mesma que no sentido contrário leva ao abismo. E um chama outro. E muitas vezes, diante de tantas informações, desconfianças e certezas, o peso é tão grande que não cabe um pensamento que seja.
Diante de toda pressão interna e externa, diante do prazo apertado e das metas tão altas, o que é possível ser além de escravo deste tempo?
E se for possível ser mais? E se for possível enfrentar e vencer as aflições? Há interesse no segredo?
Um pouco de poema, um pouco de reflexão e a conclusão que se chega é que existe muito tempo à disposição de quem prioriza a missão.
A sociedade “evoluiu” para remediar males antigos e criou outros tantos. A facilidade em conseguir alimento, em ter onde morar, em não ter falta do essencial, também cria um vazio que acaba por ser preenchido por promessas de liberdade, que na verdade, são apenas mais abismos.
Todas as vezes em que a ansiedade ataca, o contragolpe é descontar em um vício. Seja ele moral ou não, o resultado será sempre a escravidão. Seja a algo consumível ou algo invisível, permite-se que subterfúgios tomem o lugar do que era para ser útil, produtivo e agradável.
A ansiedade entra, toma lugar, te obriga a perder o tempo com coisas inúteis, te obriga a consumir cafés, doces, cigarros, álcool e o que mais for, em uma tentativa incontrolável de preencher o vazio que a alma tem. O vazio formado pela autocondenação, o vazio que transborda é uma ferida que grita quando todo mundo se cala.
E a verdade é que existe saída, a ansiedade não precisa ser a juíza da sua vida. Ela não precisa ditar as regras ou tomar seu tempo e saúde, é possível assumir as rédeas e reestabelecer o rumo. Permitir-se reconhecer imperfeito e capaz de mudar atitudes, compreender-se falho, mas também buscar os hábitos que trarão a verdadeira liberdade.
A ansiedade toma o lugar que está vago. Ela ocupa silenciosamente e depois não se cala. E uma vez que ela esteja, é preciso muita força para tirá-la. Mas é possível vencê-la. Na arte da guerra reencontre suas armas, não aquelas que desligam sua mente, mas as que efetivamente dominam o campo de batalha. Invista tempo em ser quem é. Invista tempo no que é preciso fazer e não no que dizem ser. Seja quem for, seja quem nasceu para ser.