Recasamento e os seus desafios familiares

Casamento em família – Pais&Filhos

A sua família inclui filhos de casamentos anteriores?

Se a sua resposta é “sim”, você é membro de um tipo de família singular. Talvez já tenha visto em filmes, séries, telenovelas e nas revistas cor-de-rosa histórias felizes de famílias em segundas núpcias (vamos chamar-lhe recasados) que trazem filhos do casamento anterior e nas quais os desafios são resolvidos em poucas horas, ou meses, dependendo do tempo que dure o enredo. No entanto, se você realmente faz parte de uma família de recasados, sabe o quão diferente e, às vezes, difícil pode ser a vida dessas famílias.

Misturar partes de famílias distintas num lar raramente é um processo fácil. As tradições familiares, os valores, os interesses e os estilos de cuidado paternos ou maternos são, muitas vezes, diferentes, logo, perguntas simples como: “Quem é que vai lavar a loiça hoje à noite?” ou “Onde é que passaremos o Natal?” podem degenerar rapidamente em conflitos.

Contudo, se você faz parte de uma família de recasados ou está prestes a fazer parte de uma, não perca a esperança. Deus “faz que o solitário more em família” (Sl 68.6), e isso inclui a sua nova família. É verdade que essas famílias enfrentam desafios singulares, porém, à medida que compreender quais são esses desafios e pedir ajuda a Deus, descobrirá que também existem bênçãos singulares a serem encontradas no seio da nova família.

Desafios únicos da família de recasados

Na língua inglesa, a palavra “step” – prefixo da palavra stepfamily cuja tradução em português é família de recasados – provém da palavra, em inglês arcaico, steop cujo significado é “perda”. Em todas as famílias de recasados, alguns dos membros perderam um relacionamento com o marido/esposa ou com um dos pais devido à morte ou ao divórcio. Perdas significativas fazem parte do cenário normal de uma família de recasados. Maridos perderam esposas, esposas perderam maridos, e filhos perderam a sua família que incluía o pai e a mãe biológicos.

  • Você sabe como essas perdas o impactam a si e os seus relacionamentos dentro da sua nova família? Como a perda impacta os outros na sua nova família?

Dentro de uma família de recasados, como é que o marido e a esposa são afectados pela perda?

Quando você se casa outra vez após a morte de seu marido/esposa, é fácil sentir-se culpada/o e a sua culpa pode impedi-lo de se comprometer por completo no seu novo casamento. Ou você pode criar uma imagem idealizada do seu falecido cônjuge à qual o seu novo cônjuge não consegue igualar-se. Casar novamente depois do divórcio pode resultar numa ira ou amargura prolongada que afecta o seu novo relacionamento. Isso torna-se especialmente difícil se o seu ex-marido/esposa está sempre por perto.

Dentro de uma família de recasados, como é que os filhos são afectados pela perda?

Se você é um filho que faz parte de uma família de recasados, também está lidando com a perda. Não importa o quão infelizes os seus pais biológicos estavam, provavelmente, você não queria que eles se divorciassem. Mesmo agora, você pode, em secreto, ter esperança de que os seus pais se reconciliem. É difícil perder a esperança e deixar outro pai ou outra mãe entrar na sua vida. Frequentemente, os filhos que passam pelo que você está a passar estão furiosos com os seus pais por eles terem desistido do casamento e ressentidos com o padrasto ou a madrasta por tornarem a reconciliação impossível. Para si, em vez de um novo começo, a vida na nova família significa viver em diversos lares, ter novos irmãos e aprender uma série de novas regras.

Ou, pode ser que um dos seus pais tenha morrido… Você experimentou uma das perdas mais terríveis que qualquer filho pode experimentar. Agora, aquele que ficou vivo está casado outra vez. Você sabe que ninguém poderia jamais substituir a pessoa que você perdeu… Sendo assim, simplesmente parece errado que a sua mãe ou o seu pai se case com outra pessoa. Ter um padrasto ou uma madrasta deixa-o irado, triste e confuso. Você quer que a sua mãe ou seu pai seja feliz, porém não sabe o que fazer com o seu sentimento de perda e dor.

Dentro de uma família de recasados, como é os pais são afectados pela perda?

Você é padrasto ou madrasta?

Então, também enfrenta muitos desafios. Muitas vezes, os seus enteados não o amarão automaticamente, não o aceitarão e não responderão à sua disciplina. Também é difícil ser pai biológico ou mãe biológica numa família de recasados. É tentador proteger os seus próprios filhos dos efeitos do divórcio ou da morte e lidar com a sua culpa em relação ao rompimento do seu casamento (ou o seu novo casamento depois da morte de seu cônjuge) sendo excessivamente tolerante.

Como resultado, o seu marido/mulher pode sentir-se desautorizado quando tentar fazer a função de pai ou mãe. Se ambos trouxeram filhos para o casamento, pode criar-se uma atmosfera corrosiva de favoritismo que divide a família em facções competitivas.

Espere pelas dificuldades

Você pode reconhecer algumas dessas dificuldades na sua nova família e, provavelmente, pode acrescentar-lhe os seus problemas particulares. Porém, em vez de ficar desanimado/a, saiba que: dificuldades são esperadas numa família que vivência perdas tão profundas.

A família de recasados não representa simplesmente duas pessoas que se unem em matrimónio; cada padrasto ou madrasta representa dois mundos – mundos de esperanças, sonhos, expectativas, hábitos, tradições, personalidades – unindo-se dentro do contexto da perda. As dificuldades da família de recasados não significam que você ou os membros da sua família são, de alguma maneira, problemáticos ou fracassados, mas sim que terão de aprender a pensar sobre questões que outras famílias não terão de pensar.

O texto foi extraído do livreto Ajuda para Família de Recasados, de Winston T. Smith, da Série Aconselhamento, lançamento de Agosto de 2018, da Editora Fiel.

Amado leitor:

Estou recasada há cerca de 24 anos. Trouxe dois filhos do meu 1º casamento e eles eram adolescentes quando, dez anos depois de me separar, voltei a casar. Apesar do meu marido ser uma pessoa maravilhosa, de sempre ter tentado ser amigo deles e não se impor como pai, não foi nada fácil. Passados três anos tive mais um filho, o 1º e único do meu marido, e os conflitos continuaram a existir. Houve, e ainda há, momentos muito tensos em que ser o fiel da balança não é tarefa fácil. Mas, posso dizer-lhe convictamente que se não fôssemos cristãos – eu e o meu marido – há muito que teria ido cada um para o seu lado.

O divórcio, ainda que doa e pareça a única saída, é sempre a saída mais fácil. Árduo, é manter o compromisso que fizemos perante Deus, resolver os conflitos, perdoar e seguir em frente. Numa sociedade onde o divórcio se tornou banal e a mudança de “companheiro” normal, arrisco dizer que é humanamente impossível manter o casamento sem que Deus seja a pedra angular sobre a qual o construímos.

PS: A AFC não é uma associação religiosa, mas eu sou cristã e partilho aquilo que acredito poder ajudar todas as pessoas, independentemente da sua fé, ou da inexistência dela.

Portanto, caso precise de ajuda no seu casamento, e antes que seja demasiado tarde para consertar, procure-nos.

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