Não, não me refiro à guerra na Ucrânia. A guerra que não passa nos média é a guerra pela mente das nossas crianças, a guerra cultural.
O que é a guerra cultural?
A guerra cultural é a disputa pelos elementos de uma cultura, que avança com o apoio do Estado, das instituições e dos dispositivos culturais.
Explicando: Os elementos de uma cultura são as suas crenças, tradições, linguagem, mitos, rituais, normas, costumes, etc.. Ou seja: tudo o que conforma a cultura e o seu impacto sobre a nossa conduta.
Guerrear pelos elementos de uma cultura significa impor a essa cultura/sociedade quais são as crenças colectivas, os valores colectivos e as normas sociais correctas, não através da força das armas, mas sim usando as tecnologias, as instituições e os dispositivos culturais – Igreja, famílias, Escolas, Universidades, meios de comunicação, redes sociais, música, teatro, cinema, etc..
É no meio desta guerra que nos encontramos e, tal como acontece na guerra da Ucrânia e em todas as guerras, as crianças são o elo mais frágil e precisam ser defendidas e protegidas.
O caso que aqui trago retrata uma das frentes de batalha dessa guerra. Teve lugar na vizinha Espanha, no programa infantil Clan (RTVE)[1], que convidou crianças a questionarem a sua identidade sexual e a normalizar a ideologia de género [LGBTQIA+],
Bea Sever, sexóloga e responsável por uma organização de “menores trans” foi uma das últimas convidadas do programa matinal “Aprendemos no Clan” para fazer uma lavagem cerebral – sobre “diversidade e desejo sexual” – a um grande número de crianças.
As declarações da activista suscitaram uma forte reacção on-line por parte das famílias e dos educadores e deram origem a uma petição lançada na Tufirma.org.[2]
Sever, que se apresenta ao público desta forma: «se tiver dúvidas sobre a sua identidade sexual, se quiser aceitar-se e divertir-se ou melhorar a sua relação com o seu próprio corpo», não hesitou em convidar as crianças a “normalizar e tornar visível ” a realidade transexual, pansexual e homossexual «nos filmes, séries e nas ruas. […] Há alguns anos eu não tinha a mínima ideia disto, mas aquela que eu pensava ser a minha filha era na verdade o meu filho».
Durante a meia hora seguinte, num programa de televisão que é gravado em infantários e escolas primárias e recomendado para público de todas as idades, a sexóloga debitou ideologia de género nas cabecinhas de crianças com cerca de 10 anos.
Interrogatórios infantis sobre diversidade sexual
«Atracção [sexual] para todos os géneros, incluindo os não binários», é um dos ensinos transmitidos no programa.
Isso é o conceito de educação indispensável para uma criança de 6 anos?
A sexóloga e a apresentadora do programa, María José Malia, questionaram as crianças sobre diversidade sexual, convidando-as a «entender que são as pessoas que vão construindo a sua identidade» «com o que sentem», ou «com a orientação do nosso desejo [sexual]».
Desde o início do programa, fica clara a formatação que as crianças sofrem nas escolas e que estas consideram “normal” um menino vestir-se de princesa. Como disse uma das meninas: «Alguns com certeza [rir-se-iam dele] porque os seus cérebros acreditam que as meninas têm que usar uma coisa e os meninos outra».
Ao longo da sua intervenção, a activista trans concentrou-se em fazer com que as crianças interiorizassem três pontos-chave: 1) «todos somos diferentes e que não há nada normal e/ou anormal»; 2) «a importância de visualizar [a realidade do género] em filmes, séries e nas ruas» para a sua normalização e 3) o «conhecimento e educação» que as próprias crianças «trabalharam na turma».
Num dos pontos altos do programa, uma voz em off convidava os espectadores a perguntar-se se são meninos ou meninas para definir a identidade sexual, quer dizer: «quem somos e como nos autopercebemos», já que «todos temos mais ou menos características masculinas ou femininas».
Imediatamente a seguir, o canal infantil promoveu a ideia de que esta identidade é «uma forma de nos percebermos» e que, longe de ser aquela que corresponde a um homem ou a uma mulher «é construída ao longo da vida. A expressão de género é como tu mostras o teu género de acordo com os papéis que nos são atribuídos», enquanto a orientação sexual é definida «por quem tu sentes atracção física ou emocional de acordo com o sexo».
Opinião sustentada pela mesma sexóloga quando contou às crianças o exemplo da sua filha de 5 anos, cuja «mudança de identidade» ela mesma [mãe e activista da teoria do género] promoveu: «Ela não é minha filha, mas é meu filho, e ele sempre soube o que era. O que acontece é que ele não entendia como é que nós não o podíamos ver. Com 5 anos conseguimos entender o que ele estava a expressar-nos».
Saia, maquilhagem e saltos altos: «De meninos e meninas»
Em seguida, por meio de um jogo de expressão de género, no qual as crianças tinham que responder se a saia, a maquilhagem ou os saltos altos «são só para raparigas, para rapazes ou para ambos», a sexóloga e a apresentadora convidaram as crianças a descobrir «se as coisas de meninos ou meninas são realmente assim ou se podem mudar dependendo do tempo».
A resposta dos menores foi surpreendentemente equilibrada e todos responderam «para ambos». Não houve uma única voz discordante.
Um menino que, na melhor das hipóteses, terá 10 anos, afirmou: «Há alguns anos eu tinha um amigo que era bissexual». Ou seja, o seu amigo «há alguns anos» teria… 6, 7 anos? Nessa idade, as crianças podem ser definidas como bissexuais? Sabendo nós que, bissexual é aquele que sente atracção sexual e tem relações sexuais com homens e com mulheres… Crianças de 6, 7 anos já tiveram relações sexuais com pessoas de ambos os sexos? São bissexuais?
Além da ideologia imprópria para crianças, propagada pela sexóloga e pela activista trans, o que mais devia chamar a nossa atenção é a opinião e a convicção das crianças de que devem «ver-se mais gays e lésbicas na rua e ser mais normal». De acordo com um menino: «Se as pessoas dissessem o que pensam, seria mais normal usar saia e essas coisas». Haizea, uma menina, concluiu que as pessoas «deveriam falar mais sobre isso» e convidou-as a «informarem-se e a aprenderem».
Se os adultos se atrevem a fazer isso na televisão pública, o que não farão na sala de aula?
Se eles se atrevem a fazer isso na televisão pública, o que não farão na sala de aula?
E, por favor, não pense que isto é só em Espanha e que não acontece por cá, pois, além de filmes que explicam a crianças como se faz sexo[3] e passaram que na RTP2, do Referencial de Educação para a Saúde, na pág. 74, para o pré-escolar, recomendar: «Desenvolver a consciência de ser uma pessoa única no que respeita à sexualidade, à identidade, à expressão de género e à orientação sexual», e dos conteúdos da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, que promovem e incentivam a transexualidade[4] , no dia 20-03-2019, numa página da Associação Projecto Be Equal, podia ler-se: «Olá pessoal. Hoje estivemos na Escola EB1 de Gueifães com uma turma do 2º ano do 1º ciclo do ensino básico […] Falámos sobre aceitação/felicidade/transgénero e discriminação com uma leveza maravilhosa … Crianças com 7/8 anos […].
Por que não se fala desta guerra?
Será que a vamos perder sem sequer lutar?
[1] https://www.religionenlibertad.com/polemicas/968111437/sexologa-activista-trans-adoctrina-ninos-clan-rtve.html
[2] https://tufirma.org/campaign-view/385/No_al_adoctrinamiento_trans_de_los_ni%C3%B1os_en_Aprendemos_en_Clan_TV