A educação atinge quase todas as famílias nos Estados Unidos, seja como contribuintes ou como pais. Mas quando chega o dia das eleições, a educação raramente chega ao topo das prioridades dos eleitores. Não foi o caso no dia 02 de Novembro de 2021.
O republicano Glenn Youngkin fez das escolas, e particularmente do seu controlo parental, o seu assunto final para vencer sobre o democrata Terry McAuliffe na disputa para governador da Virgínia. Entre Setembro e Outubro, o peso da educação subiu 9 pontos passando a ser a principal questão para os eleitores.
Os pais queriam ter mais influência nas escolas e venceram com Youngkin por uma grande margem. Em Nova Jersey, o republicano Jack Ciattarelli também se levantou contra o ensino da teoria crítica sobre a raça nas escolas, sobre os mandatos de vacinas e máscaras. Jack Ciattarelli chegou mais perto do que muitos esperavam de derrotar o democrata Phil Murphy.
Uma leitura dos resultados desta semana é que os republicanos tiveram sucesso com as ansiedades dos eleitores que pensam que as tentativas das escolas de lidarem com o racismo estrutural foram longe demais. Por meses, pais zangados têm aparecido nas reuniões do conselho escolar, gritando, fazendo piquetes, às vezes até dando socos e fazendo ameaças. As coisas ficaram tão graves que o procurador-geral dos EUA prometeu envolver a aplicação da lei federal.
Os resultados da noite de terça-feira demonstraram claramente que os pais querem “voltar ao básico” e se afastar da educação abertamente anti-racista (teoria académica do racismo estrutural), da DEI (diversidade, equidade e inclusão) e SEL (aprendizagem socioemocional).
Eles comparam também o ensino à distância prolongado a uma forma de “confinamento solitário”, com todas as consequências negativas ao nível da gestão pessoal, das aprendizagens perdidas, da subestimação do nível de ansiedade, medo e, da erosão dos relacionamentos entre as escolas, pais e famílias.
Venceram os que lutaram para que as escolas passassem a ser muito mais receptivas às necessidades de pais e filhos. A verdadeira agenda educacional do governador eleito da Virgínia Youngkin banirá a teoria racial crítica, abrirá 20 escolas com contrato de associação, colocará um polícia em cada campus e pagará mais aos professores.
No caso português, tendo em conta que a Lei Constitucional n.º 1/2005 de 12 de Agosto da República de Portugal consagra no artigo 36.º (5) que “os pais têm o direito e o dever de educação e manutenção dos filhos”, não podendo assim o Estado “programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas” (artigo 43.º (2)), competindo a este antes “cooperar com os pais na educação dos filhos” (artigo 67.º (c)) e proteger os pais e as mães “na realização da sua insubstituível acção em relação aos filhos, nomeadamente quanto à sua educação” (artigo 68.º (1));
Deve o ministério da educação de Portugal fomentar e facilitar que a escola, ao nível das estruturas administrativas e seus profissionais, se dedique a negociar com os pais e com as famílias todos os assuntos que atentem contra a consciência destes.
Nestes casos deve a escola fazer prevalecer a construção negociada com as famílias dos significados da ação e dos saberes escolares, apoiando as singularidades e especificidades das narrativas de vida de cada agregado que se manifestar contra o ensino assuntos filosóficos, estéticos, políticos, ideológicos ou religiosos escolares.
Esta evocação para a negociação atempada e planificada dos saberes escolares deve ser feita com rigor e exaustividade curricular, assegurando o necessário pluralismo e complementaridade metodológica.